Pode ou não correr nas ruas? Tenho navegado um bocado pela internet e leio acaloradas discussões entre os favoráveis e os contrários. Uns defendem o distanciamento social de forma horizontal enquanto outra parcela defende o distanciamento social vertical, e os mais radicais não querem nenhum tipo de controle em “seu direito de ir e vir”, que deveria se cessar quando o direito individual confronta-se com o do coletivo.
Enquanto na Itália, um dos países mais afetados pela pandemia causada pelo Covid-19 fazem cantorias em suas janelas como forma de união contra o inimigo comum, o vírus, aqui se bate panela uns contra os outros.
Com a discussão polarizada resta seguir a palavra dos verdadeiros especialistas, a Organização Mundial da Saúde (OMS, de que se pratique o “distanciamento social”. Esse por sua vez tem vários níveis que vão desde manter um metro de seu interlocutor até mesmo o confinamento em forma de quarentena que pode ser parcial ou total.
Simulação feita pela BBC mostra que ao reduzir em 50% seu contato social uma pessoa infectada reduziria seu potencial de contágio de 406 pessoas em um mês para apenas 15 pessoas.
Na bolha da corrida não poderia ser diferente e na discussão do tema nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, a recomendação é ficar em casa.
Mas uma parcela significativa da comunidade insiste no jeitinho brasileiro com “só mais cinco minutinhos”, “é só uma corridinha”, em uma demonstração de egoísmo, narcisismo e ego, pois trata-se de uma doença muito contagiosa e letal. Portanto, falamos de vidas humanas que estão em jogo.
O corredor mente ao dizer que que “não toca em nada” já que vírus pode permanecer por até 6 horas em superfícies como o chão e infectar o par de tênis, o que pode fazer com que o Covid-19 possa ser levado para o interior da residência, do local de trabalho, do mercado, e contagiar terceiros. Pode acontecer do próprio corredor ser um vetor e sair a espalhar pelo ar o coronavírus.
Outro fator que tem a ver com sua consciência cidadã. Ao correr na rua você está dando exemplo que se pode sair às ruas por 30 minutos. O fato de ir correr “sem tocar em nada” e o andar só para “ir até ali” estimula às pessoas com baixo senso de comunidade ao pensamento de “se ele pode, eu posso!”.
Devemos sair só para as atividades básicas: o trabalho (se for essencial e permitido), ir aos supermercados e farmácias. Enfim só o básico. Ninguém morre se ficar um mês que seja parado.
É o tipo de texto que não gostaria de escrever. Nunca pensei em escrever: ‘Não corra, fique em casa’ mas o desafio não é se superar na próxima linha de chegada e sim superarmos o Covid-19 para podermos voltar a ser livre com a corrida.
Um passo atrás, para dois na frente!
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