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Uma zebra está tomando água, calmamente, na margem de um rio africano. Sua visão e seu olfato, simultaneamente, detectam o perigo, ao sentir que se aproxima um faminto leão. Seu corpo, inundado de adrenalina, hormônio secretado pela glândula suprarrenal, faz com que seus músculos se ativem, suas viceras recebam menos sangue, sua coragem e força aumentem,a respiração acelere. Tudo é reflexo da ativação do sistema simpático, aquele que prepara o corpo para lidar com o perigo e a tensão. Começa então um galope desesperado. Entre lutar e fugir (reações advindas do estresse causado pela presença de perigo), o animal obviamente escolhea fuga como meio de sobrevivência. A perseguição não dura mais do que um minuto; como comumente acontece na savana, a zebra escapa ilesa.
Ao perceber que o perigo passou, o animal não volta a pastar normalmente ou volta à margem do rio para beber água. Sua inteligência instintiva lhe diz que precisa desativar o sistema simpático, ou seja, “resetar”o corpo a fim de acalmar-se, de modo que possa outra vez voltar a pastar normalmente, sem que os resquícios metabólicos da sensação de perigo prejudiquem seu organismo por muito tempo. O equino passa então a relinchar e fazer bruscos movimentos de soltura com o corpo, sincronizados com longas expirações e alongamentos. Depois de um tempo, o leão foi completamente superado e o sistema endócrino da zebra volta a funcionar normalmente, pois a ativação do sistema parassimpático do animal deu conta de todos os resíduos causados pelo excesso de adrenalina e cortisol desencadeados pela fuga. Parabéns, dona Zebra!
E você, caro atleta, como tem lidado com as exigências hormonais do treino, somadas às pressões do cotidiano? Será que já se deu conta do tamanho do “leão” do qual foges todos os dias?
Faz tempo que conheci uma pessoa que começou a me ensinar sobre a importância das pausas. Mas não qualquer pausa, não uma pausa para ver um filme ou ficar lendo noticias na internet. Uma parada consciente, com propósito e com uma sequencia de exercícios que incluem ásanas de yoga, relaxamento profundo e meditação. De lá para cá, comecei aos poucos a incluir essas pausas, esse momentos de contato mais íntimo com meu sistema parassimpático e com o meu espírito. A meditação que começou com sofridos cinco minutos, agora chega facilmente aos 20 minutos, aonde minha mente se aquieta e o cansaço dá lugar a uma sensação de renovação. Além de baixar meus níveis de cortisol consideravelmente, o relaxamento consciente me deixa mais concentrado e apto a lidar com os novos estímulos de estresse do treino e do trabalho.
Tenho feito observações diárias na produtividade do meu dia, quando consigo uma prática suficientemente boa. O atleta amador tem menos tempo para descansar do que um profissional. Apesar de, geralmente, ser mais saudável do que seu colega de trabalho sedentário, muitas vezes acaba treinando em turnos que diminuem seu tempo de descanso. É impossível pensar em praticar exercícios de forma intensa, sem um repouso adequado. A sugestão é que o desportista coloque descansos conscientes e profundos em sua rotina, isso fará toda a diferença, tanto no que diz respeito a imunidade, quando à produtividade profissional e esportiva. Aprender mais sobre técnicas de relaxamento do yoga ou de outras práticas corporais, como Feldenkrais ou Reike, não implica na necessidade de precisar frequentar um centro de meditação ou de Yoga, — apesar de isso ser muito bom. Se temos capacidade de organizarmos nossa vida, para treinar nos mais variados horários, reservar poucos minutos para uma prática consciente de relaxamento e meditação é perfeitamente possível.
Experimente. A zebra tem muito para nos ensinar, afinal, nosso sistema de vida é mais complexo do que o dela, mas fisiologicamente somos muito parecidos. Não precisamos parar de fugir do leão, mas saber o que fazer quando ele sai do nosso campo de visão.
Namastê!
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