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Eu sobrevivi à minha primeira KTR

Eu nunca tinha corrido uma prova da KTR. Chocante, né? Desde 2014, quando ela foi lançada, nossas agendas simplesmente não convergiram.

Quis o destino que eu fosse premiada, durante o Brasil Trainning Camp, com uma inscrição para a quarta e última etapa deste ano, a ser realizada na Ilhabela. Conhecendo a topografia da região e a fama de “casca grossa” desse circuito, sabia que não seria fácil cruzar a linha de chegada. E não foi mesmo.

Além das dificuldades esperadas para o trajeto, três fatores sob meu controle foram determinantes para tornar tudo ainda mais complexo: eu não estava nem um pouco preparada para uma corrida com esse grau de dificuldade, fui arrogante e me inscrevi para a distância média (20 km) quando deveria ter participado da curta (10 km) e esqueci de colocar meus trekking poles na mochila. Eles fizeram muita falta e poderiam ter me ajudado bastante durante o trajeto.

O percurso mesclou single tracks, subidas intermináveis, descidas técnicas escorregadias e um breve trajeto de estradão. Meu pace na subida simplesmente não encaixou. Sem ritmo, me arrastei morro acima. Uma tortura.

 

 

Nos trechos de single e de estradão tentei recuperar o tempo perdido. Com o terreno escorregadio, resultado das 48 horas de chuva nos dias anteriores, caí em todas as posições possíveis. Atingi a cachoeira, passei pelo Posto de Controle (PC) e segui em frente, pois precisava chegar antes do tempo corte na base do Pico do Baepi.

A subida do Baepi foi bruta, cruel, sinistra. Me arrastei – literalmente – pelos seus 2,5 km. Chegando ao topo, sentei e chorei. Minha cabeça estava um lixo. Estava profundamente zangada comigo. Triste por ter sido arrogante e não respeitado a montanha e os limites do meu corpo.

Mas como o tempo urgia, juntei meus cacos e desabei montanha abaixo. Até a chegada seriam 5 km só de descidas com muitos tocos, cipós, lama e água. Por alguma razão, as pernas que não conseguiam subir souberam descer relativamente bem. Cruzei a linha de chegada 6h35min após ter largado.

Foi tempo mais que suficiente para aprender a dura lição de que você não se inscreve em uma prova da KTR sem estar MUITO BEM preparado fisicamente e psicologicamente. Poderia ter corrido os 10 km muito melhor e sem tanto sofrimento. A parte boa foi que saí da Ilhabela uma montanheira muito mais humilde … e muito mais forte, pois sobrevivi à KTR.

 

Karen Kornilovicz

Bacharel em Jornalismo, é blogueira e trail runner. Após mais de uma década correndo no asfalto, em 2011 trocou a rua pela montanha. Há um ano, descobriu também a mountain bike e a corrida de aventura. Nesta coluna, dá seus pitacos sobre a corrida de montanha no Brasil e no mundo.

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Karen Kornilovicz
Tags: ktr

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