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Seu sonho é uma vaga no Ironman do Havaí? Faça como o Pacheco!

Atualizado em 14 de fevereiro de 2019
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“E aí Pacheco! Beleza? Viu meu post no insta sobre o meu melhor desempenho no triathlon Internacional de Santos em 2003? Naquela época o pessoal não estava pra brincadeira, né? Principalmente nas distâncias short e olímpico, nossos tempos eram muito baixos comparados aos de hoje…” E foi assim que começou o papo daquela tarde com meu grande amigo Jorge Pacheco, ou simplesmente, Pacheco para os amigos do TRI.

Estávamos relembrando diversas provas que corremos juntos no final dos anos 90 e nos anos 2000. Não éramos adversários diretos, pois o Pacheco era de uma categoria acima da minha, mas fazíamos parte da old school do triathlon. O papo foi rolando solto até vir à tona dois momentos memoráveis da vida “triatlética” do Pacheco – O Ironman Floripa 2005, quando ele ficou a poucos segundos da classificação para o Mundial do Havaí, e a conquista dessa tão sonhada vaga em 2009, no Ironman Flórida.

Nessa hora, entusiasmado em relembrar os detalhes dessas duas provas, meu senso crítico e meus lados coach e pesquisador em esportes de endurance questionaram: “Pacheco! Você acha que essa vaga para o Mundial saiu porque você tinha muito tempo de triathlon e já tinha corrido muitas provas, ou porque você tinha treinado muito e se dedicado de corpo e alma naquele ano, ou porque você escolheu a prova certa, que se encaixava bem no seu estilo, ou por uma somatória de todos esses fatores?”

Longe de me surpreender, ele respondeu: “Foi uma somatória de tudo isso, meu caro, além do fato de naquele dia eu estar num dia iluminado…” E continuou. “Em 2009 treinei muito as três modalidades, segui uma dieta à risca, fiquei leve, escolhi uma prova onde eu pudesse pedalar muito bem, pois o pedal sempre foi meu ponto forte, e pedalando bem eu conseguiria correr bem, pois também havia trabalhado muito a corrida”.

O Pacheco começou no triathlon em 1997 e até 2009 já tinha corrido dez provas de Ironman. Ahhh… as parciais dele e o tempo de prova no Ironman Flórida 2009 foram 1h06min de natação, 4h51min de ciclismo e 3h27min de corrida, totalizando 9h35min na categoria 45-49 anos. Sétima colocação.

O Pacheco fez parte de uma época (do triathlon) em que era muito difícil, principalmente para nós brasileiros, conseguir uma classificação para o Ironman do Havaí. Mas hoje em dia muitas pessoas se classificam por vários anos seguidos, dando a impressão de que isso se tornou mais fácil. Será? Mudou alguma coisa de lá para cá? Vejamos.

O que continua igual na busca por uma vaga no Ironman do Havaí

Escolher bem a prova


Todos nós, triatletas, que treinamos de sol a sol para correr um Ironman, temos nossos pontos fortes e nossos pontos fracos no esporte. Cabe ao coach identificá-los, trabalhar para melhorar esse quadro, e auxiliar na escolha da prova que mais se adeque a esse perfil.

Se, por exemplo, o atleta tem dificuldade em nadar no mar e não é bom em navegação, talvez uma boa opção seja uma prova em que a natação é em lago, lagoa ou até mesmo em rio, com águas mais calmas. Se o atleta tem dificuldade em percursos de ciclismo com muitas subidas e descidas, que tal escolher uma prova onde o ciclismo é mais plano? Se o triatleta não desempenha bem em locais com temperaturas elevadas, é de bom senso dar preferência às provas em locais onde o sol forte não seja o protagonista do show.

Ou seja, quando falamos em tentar uma vaga para o Mundial do Havaí, escolher a prova certa para o atleta é de extrema importância e sempre será.

Tempo de prática

Quanto mais tempo no esporte, mais o atleta vai se desenvolver, mais experiência irá adquirir, saberá ouvir mais e melhor o corpo, e conhecerá melhor seus adversários, principalmente aqueles que ameaçam a sua conquista da vaga para o Mundial. Ontem, hoje e sempre, ter experiência no esporte conta muito!

Dedicar-se de corpo e alma aos treinos

Não existem grandes conquistas sem grandes sacrifícios! Parece jargão, mas é a real. Se o seu sonho é se classificar para o Havaí, coloque isso como prioridade e se entregue aos treinos. Uma hora vem. Está aí o exemplo do Pacheco.

Acordar num dia iluminado

Você treina muito, se dedica, e no dia da prova, no dia D, você acorda iluminado! Tudo dá certo, tudo fica sob o seu controle, as águas estão calmas, no ciclismo não há vento, na corrida não há sol, e você faz a prova da sua vida!

Mas o inverso também pode acontecer. No dia da prova as coisas parecem estar andando na contramão e você tem que colocar o plano B (às vezes o C) em prática e completar a prova da melhor maneira possível. Tenha paciência, isso é crescimento, isso é desenvolvimento, isso é ganhar experiência. Continue firme no seu propósito que um dia essa vaga sai. Mas faça a sua parte, treine muito!

Acredito que essas são as questões que não mudaram e até hoje são importantes para um bom desempenho numa prova de Ironman. Mas daqui para frente, listo questões que mudaram e trouxeram avanços significativos aos treinos e às provas.

O que mudou na busca por uma vaga no Mundial do Havaí

Treinamento

Os meios e métodos de treinamento melhoraram muito e estão mais avançados se comparados à década de 90 e início dos anos 2000. Treina-se mais a qualidade, e aqueles treinos longos com distâncias e durações homéricas são realizados com menos frequência. Isso evita que o atleta se sinta constantemente fadigado, cansado, minimiza a ocorrência de lesões e, consequentemente, deixa o atleta sempre treinando bem.

Tecnologia e equipamentos

Nesse quesito, o treinamento do ciclismo deu um salto absurdo! As bikes ficaram mais leves e mais aerodinâmicas, treinar com potência virou padrão ouro, pois o atleta sabe a “força” exata que deve aplicar num treino, numa prova, num percurso. Treinar ciclismo ficou um pouco mais fácil graças ao advento dos smart trainers e dos softwares para treinamento indoor.

O bike fit se tornou mandatório para que o atleta e a bike se tornem uma coisa só, um conjunto harmonioso, permitindo melhores desempenhos e minimizando desconfortos e lesões. Claro que os materiais e equipamentos de corrida também avançaram muito em termos tecnológicos.

O tecido das roupas, o material dos tênis, os sistemas de hidratação, entre outros, melhoraram de tal forma que deram mais qualidade aos treinos e também menos desconforto durante as provas de Ironman.

Nutrição

A expertise dos profissionais de nutrição sobre as provas de Ironman e a qualidade e a diversidade de produtos e suplementos disponíveis no mercado permitiram que o atleta treinasse melhor, se recuperasse melhor, e se alimentasse e suplementasse melhor durante as longas horas de uma prova de Ironman.

Técnicas de recovery

Os fisioterapeutas, por sua vez, lançaram mão de técnicas de recovery que foram primordiais para minimizar lesões e recuperar os atletas das sessões de treino extenuantes.

Técnicas de massagem, liberação miofascial, crioterapia, fisioterapia preventiva, são alguns itens que estão presentes hoje em dia na rotina semanal de um triatleta que treina duro visando uma vaga para o Mundial do Havaí.

Não podemos esquecer ainda do surgimento das botas pneumáticas de compressão gradual que são um oásis após os treinos longos.

Maior número de provas

Hoje, o triatleta tem 41 provas oficiais de Ironman, espalhadas pelos cinco continentes, para tentar uma vaga no Mundial. São percursos, climas e graus de dificuldade para todos os gostos e perfis. Mas claro, sempre respeitando as distâncias de 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42.195m de corrida.

Tempos atrás, esse número de provas era praticamente a metade, o que dificultava muito que o atleta, principalmente brasileiro, corresse mais de uma prova por ano.

Além disso, as provas de Ironman 70.3, que também servem como um treino longo de qualidade, tiveram um aumento exponencial pelo mundo, facilitando o treinamento daqueles que estão se preparando para correr um ou dois Ironman na mesma temporada.

Logo, pessoal, o ano só está começando. Se você tem o sonho de se classificar para o Ironman do Havaí, faça como o Pacheco! Treine muito, treine duro, dedique-se de corpo e alma, escolha a prova certa, e vá com tudo!

Se fizer tudo certo e no dia da prova você acordar iluminado, é só preparar as malas para aterrissar na Big Island em outubro.

Bons treinos e até a próxima!