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Treinar para competir ou competir para treinar?

Em dia de prova, minha rotina é sempre a mesma: acordo cedo, tomo um café reforçado, coloco o número na camisa e, com o coração já acelerado, saio com destino à largada.

Para mim, a temporada de 2018 começou com uma prova pequena, que não foi exatamente a corrida do ano. Mas, depois de um mês sem competir, é normal ficar um pouco nervosa – ainda mais quando se compete com a elite masculino.

Em seguida embarquei para o Tour do Uruguay, com quatro etapas, do qual fui vice-campeã! Voltamos. Foi só um dia em casa para resolver detalhes de último minuto e partir para o Torneio de Verão, competição de quatro etapas também. Aí veio uma semana de intervalo e lá estávamos, largando a Volta Feminina do Brasil – fui tetracampeã!

Mas nenhuma dessas provas é a minha “prova alvo”: são todas encaradas como parte do treinamento, ou seja, participo delas treinando normalmente, sem descansar antes. Se eu ganhar, maravilha. É sinal de que estou bem. Mas se eu perder, não acho grave, vida que segue!

Para mim, treinar é uma obrigação chata. Acho desmotivador não sentir a adrenalina de competir, é disso que eu gosto, sei que foi para isso que eu nasci.
Então, todo começo de temporada eu inicio meus treinos bem devagar, e quando está na hora de começar a acelerar, vou inserindo competições aqui e e ali, para que meu corpo se acostume ao esforço máximo. Quando estou só treinando, acho difícil “ir além”, passar do meu limite de conforto. Se estou em temporada, consigo atingir e até ultrapassar minha zona de conforto, evoluindo aos poucos até a prova que eu considero “alvo” – lá, eu chego nos meus verdadeiros 100%.

Mas e as quedas?

Muita gente não compete por medo de cair, e, por lesão, perder a prova para qual vinha treinando. Eu penso que, se for para eu cair, posso cair até andando pela rua da minha casa. Não tenho medo de cair – mas na verdade nem penso muito nisso.

Prova alvo

Embora eu siga competindo durante quase todo o ano, meu foco sempre é o Campeonato Brasileiro de Contrarrelógio, que acontece no mês de junho, e os Jogos Abertos de São Paulo, um objetivo da minha equipe (a Memorial Santos). Para este ano, temos um objetivo maior, diferente do que estamos acostumadas – conto para vocês no próximo texto. Até lá!

Ana Paula Polegatch

Onze vezes campeã brasileira (estrada e pista), vice campeã mundial militar de contrarrelógio (Korea2015), Tetra-campeã da Volta Feminina do Brasil e atual recordista brasileira na prova de perseguição indivual (pista). Fundadora do Polegatch Ride, evento que reúne ciclistas de perfis diversos para unificar o ciclismo. Atualmente na equipe Memorial Santos, Força Aérea Brasileira e Seleção Brasileira.

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Ana Paula Polegatch

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