A apneia pode ser definida como uma pausa respiratória. Ou seja, ficar sem respirar. E recentemente tenho escutado algumas pessoas praticando treinos de corrida realizando esta pausa durante intervalos programados, acreditando que isso ajuda na melhora de performance. Novamente mais um tema polêmico. Por isso, a intenção aqui não será aprovar ou desaprovar os treinos de apneia, mas sim dar mais informações para que você tire suas próprias conclusões.
A função primordial da respiração é durante a inspiração captar o oxigênio (O2) e durante a expiração eliminar o gás carbônico (CO2). De forma resumida, o oxigênio é um dos principais combustíveis do corpo e o gás carbônico é como a fumaça que sai pelo escapamento de um carro.Ou seja, é o que sobra após o uso do O2. O principal transporte desses gases pelo corpo todo é feito pelo sangue, que por meio das artérias e veias, chega em praticamente todo lugar, empurrado pelas batidas do coração.
Quando seguramos a respiração por um tempo, interrompemos a entrada e saída dos gases, gerando um aumento de concentração nas taxas de CO2 e uma diminuição nas taxas de O2. Afinal, as funções do corpo continuam mesmo sem respirarmos, consumindo o oxigênio e liberando o gás carbônico.
Esta concentração alterada faz os mecanismos reguladores do corpo serem sobrecarregados e obrigados a desenvolverem-se. Por isso a possibilidade de melhorar o desempenho de atletas após treinos de apneia.
Os músculos também precisam de oxigênio e quando este fica muito reduzido, inicia-se o trabalho de contração anaeróbica, semelhante ao trabalho feito na musculação, para ganho de força e massa muscular. A vantagem neste caso é que o treino de força seria muito funcional, pois é exatamente nos movimentos da corrida.
Note que esta privação de ar costuma acontecer naturalmente quando corremos em grandes altitudes, onde o ar é rarefeito e tem menos oxigênio. E por este motivo muitos atletas profissionais realizam treinos em cidades com grandes altimetrias, na tentativa de desenvolver esses mecanismos, resultando em músculos mais fortes e resistentes e melhora da capacidade respiratória.
Outro momento em que simulamos uma privação de oxigênio é durante treinos de intensidade, como intervalados mais fortes, principalmente com subidas. Neste caso, a quantidade disponível do gás é a mesma, mas como a demanda pelo corpo é muito elevada, proporcionalmente é como se tivéssemos reduzido drasticamente sua quantidade. Por isso ficamos ofegantes e com o coração acelerado.
Comparando, a grande diferença entre fazer treinos de apneia prendendo voluntariamente a respiração e correr em locais de grande altitude ou treinos de intensidade está no fluxo de gases. No primeiro caso, interrompemos totalmente a entrada e a saída deles, estimulando bruscamente o comportamento fisiológico.
Nos demais casos, a oferta de oxigênio pode até ser reduzida, mas ela está sempre presente, assim como a saída do gás carbônico, sobrecarregando menos os mecanismos do corpo.
A questão é saber qual o esforço vale mais a pena. Eu sou mais conservador, prefiro ganhos progressivos de médio e longo prazos, dando mais tempo de adaptação ao corpo. Mas existem pessoas que preferem resultados mais expressivos em menores espaços de tempo. Ambos podem ser seguros e sem lesões, mas depende de cada indivíduo. E o importante mesmo é que com ou sem pausa na respiração, você continue correndo.
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