Neste último feriado rolou o WOD Experience, na Lagoa dos Ingleses, Minas Gerais. O torneio de crossfit contava com trios nas categorias scale, intermediário e RX, femininos e masculinos.

Particularmente eu fiquei com muita vontade de participar do evento, uma vez que tinham me falado muito bem da última edição. Na sexta, isto parecia se confirmar: o lugar era incrível, aberto, com uma área enorme para os food trucks, alimentação e lojas. O tempo estava ótimo e apesar de ter tido um atraso de aproximadamente 40 minutos, todos os times conseguiram participar e dar seu melhor.

No entanto, no sábado, o WOD Experience virou do avesso. Choveu uma boa parte do dia e a organização não se preveniu com um plano B. A área de aquecimento – bem limitada – ficou toda molhada e enlameada. Ficava bem difícil fazer uma prancha ou uma canoinha ali.

Os atletas se questionavam se de fato a competição continuaria com a chuva, sendo que os WODs contavam com HSPU na força, bar muscle up, handstand walk, muscle up, squat snatches. A pergunta que ficava era: como faremos agora que já viemos até aqui?

Diante dos óbvios riscos, soubemos que os atletas eram mantidos debaixo da chuva mesmo com várias pessoas escorregando no chão e na barra, mas o evento não parou até que um atleta caísse da barra e batesse a cabeça no chão. Depois disso, alguém – ainda tentando descobrir – decidiu, votou ou não sei bem o que, que o evento acabaria, faltando ainda três WODs.

O que parecia um fim de semana incrível acabou com um gostinho de desapontamento, frustração e de desrespeito com o investimento dos atletas que foram até BH prestigiar o WOD Experience, arcando com todos os custos e ficando com metade do combinado, com uma colocação irreal e reféns da chuva.

Diante disso, venho fazer um apelo, como atleta de crossfit e cliente, para todos os organizadores de evento que querem manter um bom padrão e continuar sendo competitivos em um mercado de competição no qual os eventos se tornam cada vez maiores e melhores.

1. O EVENTO É ABERTO? TENHA UM PLANO B

Eu sei que é meio óbvio, mas também necessário lembrar. Todo mundo sabe que a chuva nunca é bem-vinda nos eventos, mas não conseguimos evitá-la. Se o evento é aberto, fica muito pior. Capriche no plano B, de forma que os atletas de crossfit possam aquecer e competir o evento inteiro em um local confortável, mas principalmente seguro.

2. PREZE PELA SEGURANÇA DOS ATLETAS

Claro que a filosofia do crossfit hoje é “Go hard or go home”, mas isso é muito diferente – mesmo – de estar com a saúde em risco. Quase ninguém vive de crossfit hoje, e ir prestigiar um evento pago do próprio bolso para depois se machucar por falha da organização pode gerar muitos gastos de saúde, além de desemprego. Quem vai dizer para o chefe, na atual recessão, que não poderá ir ao trabalho na próxima semana (ou por mais tempo) porque se machucou em uma competição? “Go hard” para todos os responsáveis pelo evento também.

3. INVISTA NA ÁREA DE AQUECIMENTO

Querendo ou não, quem vai pagar a maior parte do seu evento são os atletas, então fornecer um número suficiente de barras, anilhas, rigs, chão emborrachado, qualquer outro tipo de equipamento e espaço parece ser o mínimo pelo respeito de quem foi até aí prestigiar seu evento de crossfit.

4. COBRE POR UMA COMPETIÇÃO INTEIRA E DÊ UMA COMPETIÇÃO INTEIRA

Choveu? Arriscado fazer HSW? Bar muscle up? Snatch? Ainda existe uma quantidade enorme de movimentos que podem ser feitos de forma segura e todo mundo participar de todos os WODs previstos. Existe pistol, air squat, abmat, movimentos só com a anilha e por aí vai. Aprender a lidar com o imprevisível não é apenas para atletas, mas para a organização como um todo.

5. ARBITRAGEM

A questão da arbitragem ficou tão banalizada que é até difícil falar. Hoje em dia as melhores competições contam com erros mínimos dos juízes. De qualquer forma, deixe o seu juiz falar e sinalizar para o atleta que precisa entender corretamente o que está sendo exigido dele antes, durante e após o WOD. Incluir penalização no final sem advertir, levantar a mão e não mexer os dedos, não orientar o atleta dentro da arena, aceitar padrões errados de atletas renomados… Pra que isso mesmo?

Conclusão: vamos trabalhar por competições melhores de crossfit e quem sabe algum tipo de “confederação” para regulamentar esta modalidade e possibilitar que eventos como estes tenham o que todo mundo vai buscar: diversão e investimento bem feito!