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Nada contra a World Marathon Majors, mas…

Confesso que nunca fui fisgado pelo bichinho da World Marathon Majors, competição constituída por seis maratonas que estão no rol das principais do mundo: Berlim, Boston, Chicago, Londres, Nova York e Tóquio.

Apesar de ter corrido a Maratona de Nova York duas vezes, o fiz simplesmente por ser a Rainha das Maratonas, a  mais popular e querida do mundo – e não por buscar pertencer a qualquer grupo.

Por mais de décadas tive os índíces exigidos por Boston, mas sempre tive vontade zero de corrê-la. Hoje sinto um leve arrependimento, admito, visto que o pace para atingir o índice está difícil de ser alcançado – mas nada que me leve ao desespero.

Se correr seis Majors já é uma tarefa herculana para a maioria dos brasileiros, dado o alto investimento necessário para obter as seis medalhas, o que dirá o leitor ao saber que o circuito tem planos de crescer e, a médio prazo, inserir mais duas provas ao seu leque, se expandindo para o continente africano e, novamente, para a Ásia. 

 

 

Nada contra quem tem a aspiração de participar de todas as provas, pois ela é válida mas, na minha visão, um tanto elitista, pois cria uma cisão entre os que podem pagar para correr o circuito e os que não podem. 

Costumo brincar que o maior desafio de correr a World Marathon Majors é ter dinheiro para bancar a brincadeira além, claro, treinar para a distância – mas isso se faz independente da prova escolhida.

Mas me pergunto: se tenho condições de correr provas internacionais, por que ficar preso a uma calendário que é muito legal, mas fechado? Por que não conhecer outras maratonas? Curto mesmo as provas alternativas!

Quer emoção maior do que correr a Maratona de Atenas? Repetir parte do trajeto feito por Fidípedes e, como cereja do bolo, ultrapassar a linha de chegada no Estádio Panatenaico, inaugurado em 1896 para a realização da primeira Olimpíada da Era Moderna?

Meu choro compulsivo após concluir a corrida e subir dos 12 aos 32 quilômetros ao som de octagenários e famílias inteiras que gritavam “Bravo!” comprovou que aquela havia sido a mais emocionante entre todas minhas corridas.

A lista de “belas e alternativas” pode ser enorme. A Maratona de Roma, com seus belíssimos monumentos e história viva em sua arquitetura; Paris, que nunca entrou na World Marathon Majors, mesmo tendo todas as credenciais deste circuito; a do Cairo, a de Jerusalém e a de Beirute, completando um belo cricuito da história antiga e, claro, a de Instambul, que começa na Ásia e termina na Europa. A de Big Sur, na Califórnia, é linda também!

Se for na península ibérica você pode optar por Lisboa, Porto ou Barcelona. Na Alemanha, além da de Berlim, há as de Hamburgo e Frankfurt, que são ótimas. Na Holanda, Amsterdã e Roterdã.

Obviamente que cada qual tem suas características. Quem tem objetivo de tempo pode escolher, além da de Berlim, principalmente as  provas holandesas e alemãs citadas. Para curtir os 42 km, há uma infinidade delas ao redor do mundo com organização de classe mundial.

Repito: nada contra as Majors! Mas como corredor vejo na corrida um propósito mais liberto do que protocolar. Gosto da liberdade de poder tomar um vinho na Maratona de Médoc e comer um queijo harmonizado em seus postos de hidratação.

Mas são escolhas e cada corredor deve fazer as suas liberto de dogmas.

Harry Thomas Jr

Jornalista especializado em corridas de rua desde 1999, Harry competiu pela primeira vez em 1994 e desde então já completou 31 maratonas – sendo três sub 3 horas: São Paulo (2h59min30), Nova York (2h58min20) e Blumenau (2h58min10). Também concluiu seis Ultratrails: 60K Ultratrail Putaendo, 67K Ultratrail Torres del Paine, 50K Indomit Costa Esmeralda e os 50K Ultra Fiord por três vezes. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.

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Harry Thomas Jr

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