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Pan de Toronto: as promessas do atletismo

Por Adalberto Leister Filho

O atletismo brasileiro está no Canadá para o Pan de Toronto com uma delegação recorde em busca de uma inédita liderança no quadro de medalhas no atletismo dos Jogos Pan-Americanos. As provas começam neste sábado (18) e terão 88 brasileiros disputando medalha no esporte-base das Olimpíadas.

O número supera em três atletas o grupo do País no Pan do Rio de Janeiro 2007. Para se ter uma ideia, é uma equipe 44% maior do que a que esteve nos Jogos de Guadalajara 2011. O atletismo do Brasil dá mais oportunidade para os atletas participarem de competições como o Pan, o que, de certa forma, pode ser bom para buscar índices para a Olimpíada. E serve também como experiência para atletas novos terem a oportunidade de competir em um torneio no formato dos Jogos.

Após participações discretas no passado, o Brasil se manteve na segunda posição no quadro de medalhas do atletismo nas duas últimas edições do Pan — os cubanos ficaram com a liderança —, ficando à frente de EUA, Canadá e México.

Para dar o passo adiante, porém, o desafio é considerável. No México, há quatro anos, os cubanos levaram 18 ouros, contra dez do Brasil, que bateu seu recorde de comendas douradas na competição. No Rio, em 2007, a contabilidade havia sido mais justa, com diferença de três medalhas: 12 a 9 para os caribenhos.

Na história do Pan, o Brasil ocupa a terceira posição no atletismo, atrás de EUA e Cuba. Mas o crescimento da colheita de pódios fez com que os brasileiros superassem, nos últimos anos, México e Canadá. Para isso, foi essencial o crescimento do nível técnico das mulheres, que conquistaram dez de seus 16 ouros nas duas últimas edições.

Tanto no Rio como em Guadalajara, o Brasil conquistou 23 medalhas, mas no México a colheita foi de melhor qualidade, com a conquista de um ouro e uma prata a mais.


  8 BRASILEIROS SÃO CORTADOS DO PAN

Boas promessas
As provas de longas distâncias devem render alguns pódios ao Brasil. O país é o atual tetracampeão da maratona masculina, domínio que nunca antes nenhum país exerceu. Se a delegação não contará com Solonei da Silva, o campeão de Guadalajara 2011, terá o vencedor da edição do Rio, em 2007, Franck Caldeira. Ubiratan dos Santos é o outro brasileiro na corrida. Os principais adversários devem vir do México, do Peru, do Canadá e dos EUA. No feminino, a aposta é em Adriana Aparecida da Silva, campeã da prova há quatro anos.

Já o meio-fundo (800 e 1.500 metros) também tem potencial de garantir boas posições, assim como foi há quatro anos, no México.

Disputas normalmente dominadas por Cuba no Pan, os arremessos e lançamentos podem ver o Brasil de volta ao pódio. O grande trunfo para isso é Darlan Romani, que obteve marca de 20,90 metros no peso neste ano. Único atleta no Brasil a arremessar acima de 20 metros, ele terá como maiores rivais os norte-americanos, que dominam a prova em nível mundial.

No decatlo, competição que combina as técnicas de dez provas do atletismo, o Brasil pode figurar no lugar mais alto do pódio. Luiz Alberto de Araújo cravou 8.034 pontos no Troféu Brasil e é candidato a medalha. Já no heptatlo, as chances de pódio estão depositadas em Vanessa Spinola, que cravou 6.103 pontos em uma prova na Espanha, em março, pontuação mais do que suficiente para se postar entre as melhores.

O Pan de Toronto conta ainda com algumas das potências da marcha atlética, como México, Colômbia e Equador. As maiores chances nacionais ficam nas provas de 20 km. O principal adversário de Caio Bonfim é o equatoriano Andrés Chocho, que vive temporada consistente. O colombiano Eider Arévalo e o guatemalteco Erick Barrondo, vice-campeão olímpico em Londres 2012, também disputam o ouro. Principal obstáculo do Brasil, Chocho ao menos é um trunfo na prova feminina. A brasileira Erica de Sena, mulher do equatoriano, se mudou e treina em Cuenca, a mais de 2.500 metros de altitude, desde que se casou o equatoriano. Nas Américas, a atleta é a primeira colocada do ranking.

Calendário apertado
Como em todo ano de Pan-Americano, o atletismo é prejudicado pela proximidade do Mundial da categoria, que neste ano, para complicar um pouco mais, será do outro lado do mundo, em Pequim, na China, em agosto. Os atletas mais fortes da maratona, como Marilson dos Santos e Solonei da Silva, optaram por correr na capital chinesa.

Maurren Maggi é outra ausência. A campeã olímpica em Pequim 2008 despontou no atletismo justamente num Pan no Canadá, em Winnipeg 1999. A saltadora, que anunciou aposentadoria ao final desta temporada, não obteve índice.

Sem as estrelas da distância, o Brasil deve voar mesmo é na vara. Fabiana Murer e Thiago Braz são os trunfos do País. Fabiana começou bem o ano, com vitórias nas etapas de Birmingham e Nova York da Liga Diamante.

A ausência dos principais concorrentes de Jamaica e Estados Unidos, focados no Mundial de Atletismo de Pequim, sem dúvida ajudará o desempenho do Brasil nas provas de velocidade. Em Guadalajara 2011, as brasileiras conquistaram, pela primeira vez na história, o ouro nos 100 metros, 200 metros e revezamento 4 x 100 metros. Campeãs há quatro anos, Rosângela Santos (100 metros) e Ana Cláudia Lemos (200 metros) mantiveram lugar na equipe e são os destaques.

No Mundial de Revezamento das Bahamas, em abril, o Brasil obteve classificação para todas as provas olímpicas. Em Toronto, enfrentando adversários desfalcados, o País poderá finalmente subir ao pódio, algo que não ocorreu há três meses, na América Central.

Matéria publicada pela Revista O2 #edição 146, julho de 2015

Redação

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