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Corredora para toda a vida

Por Gabriela Capo

A busca das mulheres pelo corpo perfeito e uma vida mais saudável começa desde cedo. Ainda criança, as meninas já frequentam aulas de balé, judô e natação. Na adolescência, o número de inscrições nas academias aumenta, principalmente para atividades aeróbias. Já adultas, elas se desdobram para cuidar da família, trabalhar e manter-se em forma. Em qualquer fase da vida, a prática de esportes só contribui para que corpo e mente estejam sempre bem e, quanto mais cedo se inicia uma atividade, maiores são os benefícios trazidos por ela. A corrida, além de melhorar o condicionamento físico e a autoestima, reduz as chances de câncer de mama, diminui problemas cardiovasculares, aumenta o metabolismo e fortalece ossos e a musculatura dos membros inferiores, sendo ótima pedida para a corredora.

Mas o treinamento deve ser diferente de acordo com a idade e as necessidades de cada mulher, para evitar contusões e fazer com que o esporte seja sempre algo saudável e prazeroso. O treinador Renato Dutra, supervisor técnico da Run&Fun, afirma que as mais jovens quase sempre são muito empolgadas, e o exagero na duração da corrida pode gerar lesões. “Elas se animam e acabam não respeitando a progressão dos treinos.”

Já as adultas, sempre atarefadas, costumam sofrer mais por causa do cansaço acumulado com as tarefas do dia a dia. “Geralmente, elas trabalham muito e dormem pouco. Têm tendência ao overtraining por conta da má recuperação”, diz Dutra. Por isso, é importante que as mulheres se sintam à vontade para conversarem com o treinador quando perceberem que o rendimento está caindo. Na terceira idade, os cuidados devem ser redobrados, pois há um risco maior de fraturas por estresse por conta da perda óssea. “É necessário fazer musculação para preservar a força e aumentar a densidade óssea”, alerta Renato Dutra. “Se a mulher pratica atividade física, ela estimula o osso a se manter forte, ou seja, evita a osteoporose”, ressalta a médica esportiva Kelly Cristina Stéfani.

Os benefícios da corrida em cada fase da vida

Adolescentes (14-18 anos)
Estimula a criação de um hábito saudável e tem efeito positivo na motivação para praticar exercícios no futuro. Do ponto de vista fisiológico, realizar atividades físicas na adolescência garante uma vida mais saudável e com menos riscos de doenças na fase adulta e na terceira idade.

Adultas (19-59 anos)
Diminui o risco de doenças como o câncer de mama, a osteoporose e problemas cardiovasculares. Ajuda a aliviar o estresse causado pela sobrecarga das tarefas cotidianas e melhora a autoestima, o condicionamento físico e a consciência corporal.

Idosas (mais de 60 anos)
Auxilia em possíveis tratamentos clínicos de osteoporose, hipertensão arterial, diabetes e obesidade. Diminui os riscos de ansiedade e depressão.

Mulher de fases
– Assim como o treinamento, a alimentação também deve estar adequada às necessidades de cada momento da vida para que as mulheres possam desfrutar dos benefícios das atividades físicas. As adolescentes, que estão em fase de crescimento e sofrem com oscilações hormonais, devem aumentar a ingestão de alimentos ricos em ômega-3 (peixes e linhaça), crucíferas (brócolis e couve-flor) e antioxidantes (chá verde, frutas e oleaginosas).

– Por estarem em fase reprodutiva, as mulheres adultas não podem deixar de ingerir vitaminas do complexo B (legumes, verduras, carnes e cereais), para que haja a geração adequada de energia. “O uso de anticoncepcional faz com que o corpo tenha carência de vitaminas do complexo B e vitamina C. Com as perdas menstruais e dieta pobre em ferro, cerca de 50% das mulheres sofrem de anemia”, alerta a nutricionista Priscila di Ciero.

– Por causa do envelhecimento do organismo, é natural que as mulheres de terceira idade tenham maior dificuldade em ingerir certos alimentos, o que causa a deficiência de algumas vitaminas, principalmente a B12. “Garantir um bom aporte de alimentos proteicos, boa digestão e absorção — muitas vezes feita por suplementação alimentar — é fundamental”, orienta Priscila. A ingestão de gorduras mono e poli-insaturadas também auxilia a melhora da permeabilidade e a liberação de toxinas.

(Fontes: Kelly Cristina Stéfani, mestre em ortopedia e traumatologia pela Santa Casa de São Paulo, médica ortopedista em medicina do esporte do Hospital Samaritano de São Paulo; Renato Dutra, supervisor técnico da Run&Fun Assessoria Esportiva, bacharel em esporte pela Escola de Educação Física e Esporte da USP, especializado em treinamento desportivo pela Escola Paulista de Medicina; Priscila di Ciero, nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em nutrição esportiva funcional)

(Matéria publicada na Revista O2 – edição #103 – novembro de 2011)

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