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Por Fernanda Silva
Quem disse que maternidade e esportes não combinam? Tudo bem que um bebê muda completamente os hábitos da mamãe corredora. Mas isso não impede que ela volte a treinar e a competir. Pelo contrário. Muitas vezes, o bebê atua justamente como combustível para o retorno dela à ativa. Mas isso desde que o retorno aconteça no momento certo. Segundo o ginecologista Márcio Coslovsky, da Huntington- Humana Medicina Reprodutiva, 45 dias após o nascimento do bebê é o período mínimo exigido para voltar a praticar a atividade, dependendo do tipo do parto — a cesariana pode exigir até dois meses —, da gravidez e do nível da atleta.
“É importante entender que não adianta querer voltar a treinar com tudo ou no ritmo que tinha antes da gestação, seja este o primeiro, o segundo ou o terceiro filho”, adverte a treinadora (e mãe) Camila Hirsch, diretora técnica da Personal Life. “É preciso retomar aos poucos, para conseguir adaptar-se à nova rotina”, acrescenta ela. O desafio passa a ser triplo: conciliar os afazeres, os cuidados com o bebê e a volta gradativa à corrida. Nesse período, o bebê tem direito a mamadas em intervalos que variam de duas horas e meia a quatro horas. Cansativo, né? Mas não impossível. “Se o aleitamento for feito de três em três horas, por exemplo, é legal fazer o treino no início do intervalo entre uma mamada e outra”, indica o dr. Coslovsky. Os cuidados com a alimentação e a hidratação também devem ser redobrados: durante o período de amamentação, o gasto calórico que ela pode ter é de, em média, 400 a 700 calorias/dia, quando o aleitamento é exclusivo, ou seja, sem o uso de nenhum outro tipo de leite ou fórmula industrializada.
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Independentemente da prática de exercícios físicos, durante essa fase o gasto calórico da mãe aumenta bastante, fazendo com que ela perca peso mais depressa. Adicionando-se a corrida à sua rotina, então, a queima de calorias vai parar lá em cima. “A prática da atividade durante o aleitamento deve ser acompanhada de uma dieta balanceada e programada por um profissional”, alerta a nutricionista funcional Dai Cavalcanti. “Assim, não se prejudica a qualidade do leite materno”, garante.
Bem nutrida
Esse gasto de energia exige, naturalmente, reposição. Apesar da facilidade de emagrecer nessa fase, a mamãe corredora deve manter a dieta mais saudável possível. “Frutas, legumes e vegetais, que irão fornecer diferentesfontes de vitaminas e minerais, principalmente antioxidantes. Ao mesmo tempo, deve-se evitar o consumo de calorias vazias, ou seja, de alimentos calóricos com pouco ou quase sem valor nutricional”, indica Dai. Apesar de nessa fase o ritmo da corredora estar mais leve, sem que haja a necessidade de suplementação, a nutricionista esportiva Priscila Di Ciero recomenda a inclusão de um lanche intermediário durante o dia, ou o aumento de carboidratos integrais e proteínas em uma das refeições — na amamentação pode haver a deficiência de vitaminas e minerais.
Pode ser incluído ainda na dieta algum suplemento, desde que indicado por um nutricionista esportivo. A suplementação ajuda a manter a imunidade da mãe em alta, melhorando assim o aleitamento. “O organismo utilizará para a produção do leite os nutrientes que ela usaria para a sua própria manutenção e para a corrida, de acordo com a necessidade do bebê. Se os elementos necessários não estiverem livres na circulação sanguínea, o sistema de produção de leite retira da mãe esses nutrientes para compor o leite materno, podendo deixá-la debilitada”, explica Marize Martins, nutricionista da Cardiomex – Clínica Médica Desportiva.
Além disso, os suplementos podem garantir nutrientes importantes na dieta, além dos carboidratos e proteínas. “O ômega-3, por exemplo, dará gorduras essenciais ao leite materno, trazendo benefícios à saúde do bebê, como menor risco de desenvolvimento de alergias, melhora da função cerebral e da visão e até a melhora do aprendizado”, a… rma Priscila, baseada em estudos recentes. “Continuar com as vitaminas do prénatal também é uma boa pedida”, reforça o dr. Coslovsky. Outro ponto fundamental nessa fase da corredora é a hidratação, especialmente entre as mamadas, durante e após os treinos de corrida. “A mãe corredora precisa ficar atenta a esse detalhe, já que a amamentação e a corrida fazem eliminar líquidos com mais facilidade”, recomenda Camila Hirsch.
Descanso é fundamental
A quantidade de treinos tem limite. “Três vezes por semana de corrida já está bom”, indica a treinadora. “Além de proporcionar mais flexibilidade à rotina da mamãe, essa quantidade de treinos garante uma boa recuperação. Além disso, por causa do grande emagrecimento e da falta de alguns nutrientes, muitas corredoras têm fratura por estresse com mais facilidade. Por isso, são essenciais acompanhamento nutricional e dieta balanceada, além de um bom descanso”, alerta Camila.
(Fontes: Márcio Coslovsky, ginecologista especialista em reprodução humana do Centro de Medicina Reprodutiva Huntington, do Rio de Janeiro. Camila Hirsch, especialista em fisiologia do exercício pela UNIFESP, diretora técnica da Personal Life Assessoria Esportiva e consultora Asics. Dai Cavalcanti, nutricionista funcional e especialista em bases nutricionais da atividade física. Priscila Di Ciero, nutricionista esportiva funcional de São Paulo. Marize Martins, nutricionista da Cardiomex– Clínica Médica Desportiva do Rio de Janeiro)
(Matéria publicada na Revista O2 – edição #110 – junho de 2011)
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