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Quando entrou disfarçada na Maratona de Boston de 1967, a alemã Kathrine Switzer provavelmente não tinha noção de que aquele gesto era, na verdade, um grande passo para mudar a historia das corridas de rua. Naquela época, as mulheres não podiam participar da prova. Por isso, Kathrine decidiu se inscrever apenas com suas iniciais K. V. Switzer. Mas, ao longo da disputa, foi descoberta, culminando com a tentativa de sua expulsão por parte dos organizadores. Eles não conseguiram e ela completou o percurso em 4h20min.
Mais de 40 anos depois, durante o Congresso Mundial da Aims (Associação das Maratonas Internacionais e Corridas de Distância), realizado em Praga, na República Checa, Kathrine foi escolhida para fazer um significativo anúncio: o numero de mulheres corredoras havia superado o de homens nos Estados Unidos. Elas já representavam 53% dos corredores do país. Nas provas de rua, com distâncias variadas, os números são parecidos: elas representam 56% dos concluintes. E tem mais. Nas meias-maratonas, são 60% dos que cruzam a linha de chegada, segundo o site especializado RunningUSA.
E os números não param de crescer. Mesmo na maratona, prova em que ainda são minoria, as mulheres já são 42% dos concluintes. Numero significativo, se levarmos em conta que, até poucas décadas atrás, apenas os homens podiam participar dos eventos de 42 km.
No Brasil
Se nos Estados Unidos as mulheres já são maioria nas corridas e rua, no Brasil há um longo caminho a percorrer até que seja atingida uma equação de equilíbrio. Por aqui, as provas com distancias mais longas, com as meias e maratonas, ainda são dominadas pelos homens. Em 2013, as corridas de 21 km tiveram mais de 74.430 concluintes, dos quais 77% eram homens. Nos 42 km , a diferença é ainda maior: 85% dos que completaram a distância eram do sexo masculino.
Se forem contabilizadas as provas de distancias menores, orem, os números se mostram mais equilibrados. Um levantamento feito em São Paulo – um dos poucos lugares do país onde a estatística é oficial – pelo treinador Nelson Evêncio, atual presidente da ATC (Associação de Treinadores de Corrida), aponta que as corredoras somaram 32,6% do total de concluintes em 2012. Um crescimento de 23% contra 12% do público masculino em 2011.
Apesar de ainda serem minoria, a evolução do número de corredoras no Brasil tem se mostrado positiva. Nas provas maiores (21 e 42 km), a quantidade de mulheres cruzando a linha de chegada tem aumentado significativamente. Quando comparados os anos de 2023 e q03, nas meias-maratonas, elas tiveram um aumento de 14% contra apenas 4% dos homens. Já nas maratonas aumentaram em 20% com relação ao ano retrasado, segundos dados da ATC.
Opinião feminina
No final de 2013, Nelson realizou uma pesquisa entrevistando 122 corredoras de diversos estados do País e descobriu algumas particularidades e características das mulheres brasileiras que praticam corrida:
* Apenas 6,6% das corredoras entrevistadas têm idade abaixo de 24 anos; nos EUA essa faixa etária já soma 11% das atletas;
* As mulheres entre 30 e 35 anos são maioria, totalizando 24,5%. Nos EUA esse número é 31%;
* Na pesquisa, 62% das entrevistadas revelaram que começaram a correr na década de 2000, demonstrando ser o “boom” da corrida feminina no país.
(Matéria publicada na Revista O2 – edição #130 – fevereiro de 2014)
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