Mulheres que correram a Maratona de Londres (ING), em 2012, responderam a uma pesquisa da Universidade St. Mary, no Reino Unido, sobre sua satisfação com os tops que usam para a prática esportiva. Segundo o estudo, 75% delas têm problemas com essa peça de roupa fundamental para as corredoras.
A mesma pesquisa constatou ainda que um terço das maratonistas sofre com dores nos seios. Dessas, 17% reduziram a quantidade de treinos por conta dos incômodos.
Ao todo, 1.285 mulheres participaram do estudo. As marcas de machucados e as alças que passam pelos ombros apertando excessivamente são as principais reclamações. Outro dado analisado pelos pesquisadores (e já bem sabido entre a mulherada) é que quanto maior os seios, mais problemas as corredoras têm.
Amigo do peito
Por conta da dinâmica do esporte, os seios deslocam-se lateral e verticalmente a cada passada, podendo forçar os seus ligamentos. Com o objetivo de analisar essa biomecânica e as consequências da falta de um suporte adequado durante a prática de atividades físicas, a equipe da especialista em biomecânica Joanna Scurr, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, realizou, em 2012, um estudo pioneiro envolvendo cem mulheres, que andavam ou corriam com sensores acoplados. Resultado: a oscilação dos seios durante a corrida pode chegar a 21 cm, dependendo do tamanho das mamas. Não é o movimento em si que importa, mas o quão rápido é.
Os seios se movem de três formas: para dentro e para fora, para cima e para baixo e de um lado para o outro, enquanto os sutiãs são projetados para reduzir apenas o balanço vertical. Quando a mulher caminha, o movimento se distribui em quantidades iguais (33% para cada sentido). Já durante a corrida esse esquema muda: 51% são para cima e para baixo, 22% de um lado para o outro e 27% para dentro e para fora. As análises mostraram que os seios fazem o desenho de um “8” durante a movimentação. E que — como era de se imaginar — quanto maiores os seios, maior é o balanço.
Se esses movimentos não são reduzidos, a mulher começa a sentir dores e outros incômodos — atrito com a pele, aperto e calor — que atrapalham seu desempenho e, em alguns casos, causam até problemas mais sérios. Sem contar o risco de danificar os ligamentos que sustentam as mamas, chamados de ligamentos de Cooper, que são muito difíceis de serem reparados.
O balanço sobrecarrega o aparelho osteomuscular. Isso pode levar a dores musculares e na coluna, por uma postura inadequada.
Mulher brasileira
Outro estudo, realizado no Brasil pela empresa Santaconstancia Tecelagem, em parceria com a Nova Medicina Diagnóstica e Compasso Instituto Médico, investigou o impacto da corrida nas mamas e como combater possíveis efeitos negativos. O trabalho, realizado ao longo de quatro anos, envolveu corredoras isentas de cirurgias plásticas na região dos seios.
Levando em consideração conforto e sustentação, o teste mostrou que o balanço das mamas, seguido por atrito, calor e dor miofascial (dor muscular localizada) são as sensações mais indesejadas pelas atletas.
Corredoras precisam, sobretudo, de um top que ofereça conforto e segurança.
Top certo
Com a opinião das próprias usuárias e, principalmente, com base em estudos, o consenso indica que o top “perfeito” precisa ser bem estruturado (se possível, com compressão, que minimiza o balanço dos seios); feito com tecido que permita a respiração e que não cause atrito com a pele, e com modelagem em formato de “X” ou nadador.
Não se deve escolher o top pela beleza ou pelo preço. É preciso que a peça se ajuste bem aos seios e ao biótipo da mulher e, consequentemente, tenha uma boa capacidade de sustentação. O modelo ideal deve propiciar firmeza e não machucar a pele. Sendo assim, tops de alças largas, principalmente se as mamas forem mais volumosas, devem ser os preferidos. As regatas que oferecem um top de reforço podem ser uma boa opção, já que muitas mulheres preferem correr com dois tops e, nesse caso, conseguimos um resultado semelhante.
Antes de adquirir seu top, observe, como forma preventiva, alguns detalhes de seu próprio corpo:
1. Identifique as áreas de ardor e atrito no ombro e no tórax.
2. Saiba o tamanho e o volume de sua mama e a numeração correta do top a ser utilizado.
3. Avalie o tecido e suas especificações (na descrição do produto), incluindo qualidades em diferentes temperaturas e ambientes.
4. Escolha o top de acordo com a modalidade esportiva (caminhadas, corridas mais curtas ou longas etc).
…e não caia em roubadas
Tanto em lojas , como em compras pela internet, alguns conselhos ajudam a evitar más aquisições. Evite os tecidos mais grosseiros e pesados, assim como os modelos com bojos, que criam obstáculos à transpiração e geram mais calor durante os exercícios. Se puder, observe o toque do tecido. Ele deve ser agradável e ter boa respiração em contato direto com a pele sensível dos seios. Cheque também se o tecido tem compressão com sustentação, mas que não aperte em excesso. Fuja de modelagens com alças finas. Prefira modelagem nadador ou em “X” (nas costas) e com alças largas, pois dão mais sustentação às mamas, atenuando possíveis dores após a prática da corrida. Passe longe de qualquer elemento que possa incomodar pelo atrito durante o exercício, como etiquetas costuradas, entre outros.
(Fontes: Tathiana Parmigiano, ginecologista, obstetra e médica do esporte pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp, em São Paulo. José Felipe Marion Alloza, médico do esporte pela Universidade Federal de São Paulo, especialista em cirurgia do pé, ortopedia e traumatologia. Gabriella Pascolato, diretora da Santaconstancia, em São Paulo.)
A cidade de São Paulo foi palco no sábado, dia 9 de julho, do MOV…
A cidade de São Paulo foi palco no domingo, dia 10 de julho, da Eco…
Saiba como você pode melhorar (ainda mais) o seu tempo na meia-maratona
A cidade de São Paulo será palco no dia 10 de julho da Eco Run,…
A Eco Run chegou a Salvador no último domingo, dia 3 de julho, com a…
A Up Night Run é mais do que uma corrida, é a proposta de uma…