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Com a proximidade do Campeonato Mundial de Budapeste, que tem início em menos de um mês, vale a pena relembrarmos as duas melhores provas da história da competição, desde sua implementação em 1973. Hoje trazemos a melhor disputa entre os homens, e na quinta-feira voltaremos com a maior batalha feminina.
Direto ao assunto: a melhor prova masculina da história do Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos foi os 100m borboleta de 2003, em Barcelona. Quem viu jamais vai esquecer. E quem não viu saberá agora porque aquela disputa foi tão marcante.
Mas antes, vamos ao contexto.
O recorde mundial dos 100m borboleta pertencia ao australiano Michael Klim desde 1999, com 51s81. Uma marca que durava quatro anos. Podia não parecer tanto, mas nenhum outro recorde individual masculino datava de antes de 1999 à época.
O americano Michael Phelps já vinha dando mostras do fenômeno que viria a ser. Em 2001, com apenas 16 anos, foi campeão e recordista mundial dos 200m borboleta. Em 2002, bateu o recorde mundial dos 400m medley. E, no mesmo ano, raspou no recorde dos 100m borboleta, com 51s88.
O alemão Thomas Rupprath, também em 2002, fez exatamente o mesmo tempo que o americano.
E Phelps, em abril de 2003, no Duelo Austrália x Estados Unidos, fez 51s84. O recorde de Klim definitivamente estava com os dias contados.
Chegando ao Mundial de Barcelona, no mês de julho, Phelps começou a ser Phelps: estraçalhando recorde sobre recorde, em sua primeira grande competição de nível mundial. Baixou os recordes dos 200m borboleta e dos 200m medley. Estava imparável.
E ninguém duvidava que, quando ele caísse na água para a final dos 100m borboleta, sairia da piscina do Palau Saint Jordi com o recorde.
Mas já queria o recorde quando foi disputar a semifinal da prova. Motivo: queria se tornar o primeiro homem da história a bater dois recordes mundiais individuais no mesmo dia – a final dos 200m medley, prova na qual já havia batido o recorde mundial na semifinal do dia anterior, aconteceria uma hora depois da semi dos 100m borboleta.
Phelps estava na segunda semifinal. E levou um susto quando assistiu à primeira semifinal.
O ucraniano Andryi Serdinov já era um dos melhores do mundo e havia terminado 2002 com o terceiro melhor tempo do mundo, 52s17, atrás de Phelps e Rupprath.
Mas pouca gente imaginava que seria ele que abaixaria o recorde de Michael Klim.
Foi o que ele fez: 51s76, cinco centésimos mais rápido que a antiga marca.
Se Phelps já queria o recorde, aquilo lhe deu ainda mais motivação.
Caiu para a segunda semifinal e passou os primeiros 50 metros na oitava e última posição. Conseguiria se recuperar?
Sim. E de maneira espetacular.
Passando 25s11, voltou para 26s36, o que em uma prova de 100m borboleta pode ser considerado praticamente uma parcial de volta negativa. Tempo final: 51s47 e novo recorde.
Dois recordes mundiais na semifinal. O que esperar da final?
Uma hora depois, Phelps destruiria seu recorde mundial dos 200m medley, abaixando de 1min57s52 para incríveis 1min56s04.
Não havia limites para ele.
Se conseguiu abaixar um segundo e meio do recorde dos 200m medley, será que conseguiria nadar abaixo dos 51s nos 100m borboleta?
Era essa a expectativa para a final da prova. Muitos já o consideravam o vencedor. O que restava era saber qual seria o tempo do novo recorde mundial.
Pois a expectativa se cumpriu. O tempo: 50s98, novo recorde mundial, quase um segundo melhor que a antiga marca de Michael Klim de antes do Mundial.
Mas o autor da marca não foi Phelps. Nem Serdinov.
De 2000 a 2002, o recordista americano da prova era um nadador chamado Ian Crocker, quinto colocado na Olimpíada de Sydney, em 2000. Até que em 2002 foi superado por Phelps. E, dali para frente, parecia que seu destino seria ficar relegado a coadjuvante do compatriota.
Não era essa sua ideia. Observou com paciência Phelps e Serdinov superarem recordes mundiais nas semifinais em Barcelona.
E chegou à final em chamas.
Passou os primeiros 50 metros em um ritmo alucinadamente forte, com 23s99 – a primeira passagem da história abaixo de 24 segundos. Apenas um pouco acima de seu tempo da prova de 50m borboleta de 23s62.
Estava bem à frente de Phelps, que passava com 24s61.
Phelps diminuiu a distância no final, mas não o suficiente para o ouro. Resultado: 50s98 para Crocker, 51s10 para Phelps, 51s59 para Serdinov.
Na chegada, Crocker parecia não acreditar. Pudera: sua melhor marca anterior era 52s27. Ou seja, ele abaixou direto de 52s para 50s, sem passar pelo 51s.
Nunca uma prova de 100m borboleta havia tido mais de um nadador abaixo de 52s, e apenas naquela final foram cinco – os outros dois foram o russo Igor Marchenko e o alemão Rupprath. A média de tempos da final foi 51s94 – lembre-se que o recorde mundial antes do campeonato era 51s81.
E para finalizar, os tempos de Crocker e Phelps seriam suficientes para a medalha de prata olímpica… em 2016.
Ou seja, uma prova simplesmente inacreditável. Nem na era dos trajes tecnológicos, em 2008 e 2009, se viu algo assim.
Nos anos seguintes, Crocker provaria que sua performance de Barcelona não havia sido por acaso: abaixaria ainda mais seu recorde nos dois anos seguintes, e seu 50s40 de 2005 permaneceria até 2016 como a melhor marca da história sem trajes tecnológicos.
No entanto, jamais seria campeão olímpico individual, glória negada por Phelps, tricampeão da prova entre 2004 e 2012.
Quando a Serdinov, pode-se dizer que ele conseguiu o máximo que poderia, nadando na época dos dois fenômenos americanos, ou seja, alcançar o terceiro lugar. Foi bronze olímpico em 2004.
Poderia ter sido bronze também em Pequim 2008 – fez na eliminatória da prova um tempo que lhe daria o terceiro lugar na final, mas terminou em sétimo. Foi a última prova de sua carreira.
Essa foi a história da melhor prova da história da natação do Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos.
Na próxima quinta-feira, a história da melhor disputa feminina de todos os tempos da competição. Qual é o seu palpite?
Por Daniel Takata
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