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O Mundial de Budapeste tem sua cerimônia de abertura no dia 14 de julho. Aproveitamos a proximidade para relembrar as melhores provas nadadas por atletas brasileiros na competição. Performances memoráveis e inesquecíveis. Confira a seguir.
10 – 100m borboleta feminino, 2009 (Gabriella Silva)
A única performance dessa lista que não rendeu medalha ao Brasil. Mas merece ser lembrada. Gabriella já havia sido finalista olímpica no ano anterior. Pretendia brigar para estar entre as melhores do mundo mais uma vez, mas, em Roma, teve uma surpresa desagradável. Na véspera da prova, sofreu com uma infecção estomacal e por pouco não desistiu de nadar. Na eliminatória, conseguiu uma sofrida classificação para a semifinal, na 16ª e última colocação que garantia vaga. No mesmo dia, mais um drama na semi, novamente se classificando na derradeira colocação para a final (8ª).
Na final, sentindo-se melhor, tomou a iniciativa e passou os primeiros 50 metros na primeira posição. Brigou até o final e, com 56s94, terminou na quinta posição, a apenas oito centésimos da medalha de bronze. O tempo é recorde sul-americano até hoje, e na época foi recorde das Américas. Depois da prova, lamentou o fato de não ter conseguido encaixar a chegada. Até hoje, a natação feminina do país ainda não conseguiu medalhas em provas olímpicas nas piscinas em Mundiais. Por isso, e por toda a superação envolvida, o desempenho de Gabriella é tão memorável.
9 – 50m costas feminino, 2015 (Etiene Medeiros)
Etiene vinha de uma sequência de feitos inéditos nas piscinas. Em 2013, havia obtido a melhor colocação da natação feminina em provas de piscina em Mundiais de esportes aquáticos, ao terminar os 50m costas na quarta posição. Em 2014, venceu a prova no Mundial de curta, tornando-se a primeira brasileira a subir no pódio da história da competição – de quebra, superou o recorde mundial.
Em 2015, ao vencer os 100m costas no Pan de Toronto, tornou-se a primeira nadadora do país a vencer uma prova feminina de natação desde a primeira edição do evento. Por isso a expectativa era alta para os 50m costas no Mundial de Kazan. E ela não decepcionou. Com uma saída fantástica, superou o recorde das Américas com 27s26 e só terminou atrás da chinesa Fu Yuanhui. É a única medalha feminina do país nas piscinas em Mundiais de esportes aquáticos. O tempo faz de Etiene a quarta nadadora mais rápida da história da prova.
8 – 100m peito masculino, 2013 (Felipe Lima)
O Brasil vinha evoluindo no nado de peito e, com Felipe França, obtivera conquistas nos 50m, como os ouros nos Mundiais de curta e longa de 2010 e 2011. Mas faltava uma conquista de relevância na prova olímpica de 100m. E Felipe Lima soube render exatamente na hora certa para alcançar o feito. Vice-campeão pan-americano em 2011 e semifinalista olímpico em 2012, ele sabia não tinha alternativa senão nadar abaixo do minuto para brigar por algo – sua melhor marca era 1min00s08.
Já na eliminatória, melhor marca pessoal com 1min00s06. Na semifinal, o sonhado 59s veio, com 59s84. Classificou-se na quinta posição, mas somente seis centésimos o separavam do segundo classificado. E viu que uma medalha estava ao seu alcance. Na final, tomou a iniciativa desde o início. Para se ter uma ideia, com seu tempo nos primeiros 50m de 27s27, abaixou sua melhor marca da prova de 50m peito, que era de 27s60. Terminou em 59s65, três centésimos à frente do esloveno Damir Dugonjic e ficou com o bronze, atrás apenas do australiano Christian Sprenger e do sul-africano Cameron van der Burgh, que haviam sido prata e ouro olímpicos em 2012. Felipe não esteve na Olimpíada de 2016, mas certamente aquela conquista alavancou ainda mais o nível e a disputa da prova no país, que teve dois finalistas olímpicos com João Gomes Júnior e Felipe França.
7 – 100m costas masculino, 1978 (Rômulo Arantes)
Muitos lembram de Rômulo Arantes como o galã ator de novelas da Rede Globo. Mas, antes disso, houve o Rômulo Arantes nadador. E que nadador. Um dos maiores da história do país. Em 1972, com apenas 14 anos, superou o recorde sul-americano dos 100m costas. E foi baixando em passos largos. Para se ter uma ideia, o recorde antes dele era de 1min02s50. Em 1977, na 11º vez que superou a marca, já estava em 58s20. O tempo lhe colocava em condições de brigar entre os melhores do mundo no Mundial de Berlim Ocidental, em 1978 – o tempo lhe colocou na 9º posição no ranking mundial de 1977.
E entre os melhores do mundo ele se colocou, ao se classificar para a final da prova com 58s66. Na final, passou em quinto com 27s70 e manteve a posição até o final. O tempo de 58s01 foi seu 12º recorde sul-americano da prova. Momentos após a chegada, foi anunciado que o neo-zelandês Gary Hurring, quarto colocado com 57s83, havia sido desclassificado por virada irregular. No dia seguinte, veio a notícia: o soviético Viktor Kuznetsov, originalmente bronze com 57s41, havia testado positivo no antidoping. Assim, Rômulo herdou a medalha, a primeira da história do país em Mundiais.
6 – 50m livre masculino, 2011 (Cesar Cielo e Bruno Fratus)
Cesar Cielo foi tricampeão mundial dos 50m livre em 2009, 2011 e 2013 e Bruno Fratus foi bronze em 2015. Ou seja, desde 2009 o país não sai do pódio da prova. Por isso há vários 50m livre que poderiam estar nessa lista. Escolhemos o de 2011 justamente por contar com os dois nadadores. Cesar já era o campeão olímpico e recordista mundial, e chegava ao Mundial emocionalmente desgastado pelo resultado adverso no exame antidoping meses antes.
Absolvido, aliviou a tensão ao vencer os 50m borboleta e chegava para os 50m livre como favorito. Bruno havia nadado abaixo de 22s em 2009, mas em 2010 começou a se firmar, ao nadar novamente na casa dos 21s, e sem a ajuda dos trajes tecnológicos que eram moda na natação em 2008-2009. No Mundial de Xangai, na semifinal da prova, Bruno surpreendeu e, com o tempo de 21s76, classificou-se para a final na primeira posição. Na final, deu Cesar, com 21s52. Bruno terminou em quinto com 21s96, a apenas quatro centésimos do pódio, e teria conquistado a prata com o tempo da semifinal. Mas foi ali que o Brasil viu que tinha mais um nadador em condições de brigar por conquistas internacionais. Isso se confirmou nos anos seguintes.
5 – 200m medley masculino, 2015 (Thiago Pereira)
Após espantar a sina dos quartos lugares em competições de nível mundial com a prata nos 400m medley em 2012, Thiago Pereira deslanchou. No Mundial de 2013, foram dois bronzes, nos 200m e 400m medley. E, em 2015, optou por não nadar os 400m, focando apenas na prova mais curta. O grande rival era o americano Ryan Lochte. E o duelo atendeu todas as expectativas.
Não mais que 12 centésimos separaram os dois nadadores por toda a prova até a última virada. À essa altura, Thiago liderava. Mas Lochte fechou melhor e levou o ouro. A prata com 1min56s65 é o melhor resultado de Thiago na história dos Mundiais de esportes aquáticos. Poderia ter sido melhor. Poderia, não: deveria. Lochte executou um movimento alternativo na última virada e se utilizou de ondulações na posição de costas antes de começar a nadar crawl. Após a prova, a FINA anunciou que a manobra era irregular, mas não desclassificou o americano. Se era irregular, Lochte se utilizou de um artifício ilegal para vencer. E deveria ter sido desclassificado. Por isso, consideramos Thiago o verdadeiro vencedor daquela prova.
Saiba mais detalhes daquela prova e da carreira de Thiago Pereira na edição especial da Swim Channel, em homenagem a um dos maiores nadadores brasileiros de todos os tempos. Para adquirir acesse http://swimchannel.net/noticias/revista/swim-channel-28/.
4 – 4x100m livre masculino, 1994 (Fernando Scherer, Teófilo Ferreira, André Teixeira e Gustavo Borges)
Gustavo Borges chegou ao Mundial de 1994, em Roma, credenciado pela medalha de prata olímpica nos 100m livre conquistada em 1992. No entanto, o resultado final nao atendeu às suas expectativas. Terminou a prova com a medalha de bronze, mas o tempo de 49s52 não o agradou. Sabia que tinha capacidade de fazer melhor e quem sabe até brigar pelo ouro, que foi para o russo Alexander Popov com 49s12. Dois dias depois, voltou à piscina, ao lado de Fernando Scherer, Teófilo Ferreira e André Teixeira para o revezamento 4x100m livre. O Brasil era candidato ao pódio, principalmente pelos desempenhos em piscina curta, que renderam título e recorde mundial no ano anterior.
Mas as coisas iam ficando difíceis à medida que a prova evoluia. Na terceira parcial, o Brasil encontrava-se na quinta posição, e pior: mais de um segundo atrás de russos, alemães e suecos – os americanos lideravam com folga. Foi quando Gustavo caiu na água. A cada braçada se aproximava dos adversários. Faltando 10 metros emparelhou com o alemão Christian Keller e o sueco Anders Holmertz e ao final garantiu um bronze muito comemorado. Sua parcial de 48s28 foi a segunda melhor da prova, atrás apenas do 48s22 de Popov, provando que o resultado dos 100m livre não refletiu sua verdadeira capacidade.
3 – 100m livre masculino, 2009 (Cesar Cielo)
Após a medalha de ouro olímpica nos 50m livre em 2008, a expectativa era alta para o desempenho de Cesar Cielo no Mundial de Roma, em 2009. E já no primeiro dia ele deu mostras do que faria. Ao abrir o revezamento 4x100m livre, fez 47s09, apenas quatro centésimos acima do recorde mundial do australiano Eamon Sullivan. Na final da prova individual, não teve jeito.
Em uma batalha contra os franceses Alain Bernard, então campeão olímpico da prova, e Frederick Bousquet, Cesar teve um melhor final de prova para completar em 46s91, recorde mundial. Eram tempos de trajes tecnológicos e depois disso dois australianos, James Magnusses e Cameron McEvoy, ameaçaram o recorde, mas a marca continua imbatível até hoje. Aquela foi a primeira vitória de Cesar em Mundiais, e depois daquilo viriam mais cinco até 2013. Mas ouro com recorde mundial nos 100m livre é difícil de superar.
2 – 10 km feminino, 2013 (Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha)
2012 havia sido um ano difícil para as duas estrelas das maratonas aquáticas do Brasil. Ana Marcela vencera a Copa do Mundo, mas não obtivera classificação para disputar a grande competição do ano, a Olimpíada de Londres. E Poliana Okimoto, embora tenha nadado a prova olímpica, abandonou a disputa com hipotermia, um trauma do qual levou um tempo para se recuperar. Mas nada melhor que um Mundial, com todas as grandes adversárias presentes, para as duas mostrarem que não podiam ser deixadas de lado.
Na prova de 5 km, chegaram ao pódio, Poliana em segundo e Ana Marcela em terceiro. Mas a consagração veio nos 10 km. Motivadas pelo bom resultado nos 5 km, sabiam que podiam brigar por mais. Mantiveram-se no pelotão de frente por toda a prova, e faltando um quilômetro se moveram para a ponta. A disputa entre as brasileiras foi emocionante e Poliana tocou três décimos à frente de Ana Marcela. É a única dobradinha no alto do pódio registrada por nadadoras do mesmo país na história dos 10 km, a prova mais importante das águas abertas, em Mundiais de esportes aquáticos. Se havia alguma dúvida que o Brasil tinha duas das melhores atletas da modalidade do planeta, isso ficou para trás naquela manhã ensolarada de Barcelona.
Para mais detalhes da prova e da carreira de Poliana Okimoto, confira o livro Poliana Okimoto, já à venda no site da Editora Contexto (http://editoracontexto.com.br/poliana-okimoto.html). Poliana estará autografando o livro no evento de lançamento, no dia 8 de julho, na Livraria da Vila, Unidade Vila Madalena, São Paulo, a partir das 15h.
1 – 400m medley masculino, 1982 (Ricardo Prado)
Os 10 km feminino de 2013 e os 100m livre de 2009 eram candidatos a estarem na primeira posição desse ranking. E poderiam estar. Mas pelo simbolismo do feito e pelas dificuldades enfrentadas em uma época muito diferente, homeageamos Ricardo Prado e sua conquista histórica do Mundial de 1982. Os tempos eram outros e era praticamente impensável que um nadador brasileiro chegaria a fazer frente aos atletas de potências como Estados Unidos, União Soviética e Alemanha Oriental, na vanguarda da ciência esportiva.
O fluxo de informações na época era escasso e o Brasil estava anos-luz atrás em termos de estrutura e de conhecimento. Por isso Ricardo, um talento sem precedentes na história da natação do país, se mudou para treinar nos Estados Unidos aos 15 anos. Unindo talento, muita dedicação e melhores condições, evoluiu e logo se posicionou entre os melhores do mundo. Faltava uma grande competição para ratificar isso.
E essa foi o Mundial de 1982, em Guaiaquil, no Equador. Ricardo liderou a prova a partir do parcial de costas, seu melhor estilo, e se manteve abaixo da parcial do recorde mundial do americano Jesse Vassallo a partir de então. Na última parte da prova, bandeiras brasileiras eram vistas por todas as partes da arquibancada. A torcida dos sul-americanos presentes era grande para aquela que seria a única vitória de um país latino-americano na competição.
Ao final, 4min19s78, 27 centésimos abaixo da antiga marca mundial, para delírio da torcida equatoriana. Após a prova, Ricardo confidenciou que planejava nadar para 4min17s, mas obviamente estava muito satisfeito. Desde a primeira edição de Mundiais de esportes aquáticos, em 1972, até 2009, essa foi a única vitória do país no evento. E isso a despeito das péssimas condições aos quais os nadadores brasileiros se submeteram naquela competição (hotel péssimo, comida ruim etc.). Por isso, a vitória com recorde mundial de Ricardo Prado é a melhor prova brasileira em Mundiais.
Por Daniel Takata
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