Nicholas Santos está com tudo em cima e com a cabeça muito boa e zen. Aos 35 anos, o experiente nadador brinca que está muito melhor do que quando tinha 20 anos, 25 anos. E quem o vê nas piscinas tem certeza que os anos a mais e mudanças de filosofia de vida aumentaram a performance de Nicholas, que no Mundial de Esportes Aquáticos de Kazan, na Rússia, se sagrou o atleta mais velho a ganhar uma medalha em piscina longa (50 m), ganhando a prata nos 50 m borboleta.
Além da alimentação natural e de priorizar treinos mais seletivos, Nicholas também adotou a prática da ioga no dia a dia. Desde 2011, quando começou a estudar processos de alimentação sem glúten, lactose e açúcar, Santos dedica 30 minutos da manhã a “esvaziar” a mente meditando. Mas antes e depois das provas nem pensar. “A cabeça está mais calma, mas a adrenalina da competição não pode faltar no dia a dia e não há meditação que substitua isso.”, diz o nadador.
Se preparando para as seletivas olímpicas, que serão em novembro, no Brasileiro de Natação, em Palhoça (SC) e em maio, Nicholas Santos quer se classificar para o Rio 2016 e, com 36 anos, se destacar nas águas olímpicas pela última vez. Ele conta tudo aqui.
Qual a sensação de ser o nadador mais velho a medalhar em mundiais?
Eu não sabia que fui o nadador mais velho a ganhar uma medalha em Mundiais, mas não achei nada demais. O que muda é que, hoje, eu me sinto muito mais preparado, física e psicologicamente, para encarar as competições do que quando eu tinha 20, 25 anos. Isso se reflete nas piscinas e na performance.
Mas e o feito de ganhar sua primeira medalha em piscina longa?
Essa prata em Kazan valeu ouro para mim. Foi sensacional. Foi minha primeira medalha em mundiais de piscina longa (50 m) e mesmo que os 50 m borboleta não seja uma prova olímpica é um bom termômetro de como estou para as disputas internacionais. Nessa prova, só fiquei atrás do Manadou (campeão olímpico nos 50 m livre e mundial nos 100 m borboleta). E estou satisfeito com a performance, buscando sempre melhorar mais, é claro. [Em Istambul (2001) Nicholas foi campeão mundial na mesma prova, mas na piscina de 25m].
O que você tem mudado nos seus treinos, visando as Olimpíadas do Rio?
A prova de borboleta é muito específica. É preciso saber dividir e não apostar só na velocidade, ou se desgastar tanto na passagem. Eu tenho focado muito neste equilíbrio, de ter uma boa saída, dosar o ritmo e acelerar nos últimos metros. Meu foco agora é nadar bem nas seletivas e focar em obter índice para os 100 m borboleta. Nenhum nadador tem vaga garantida, ainda, e precisamos brigar para ir ao Rio 2016.
Como a ioga entrou na sua vida?
A ioga entrou em 2011, junto com a vontade de testar novos hábitos de vida. E vem me ensinando muito a me concentrar no presente, a me concentrar no foco do agora. A respiração também mudou muito. Eu gosto de fazer 30 minutos sempre pela manhã, mas nunca no pré ou pós-prova. É um momento comigo, de imersão para entrar ligado na hora em que vou competir.
O que tem priorizado na sua alimentação para turbinar a performance?
Nada de açúcar, glúten e legumes. Banana era um alimento que me dava muita azia e cortei. Cortei tudo o que é industrializado e tem muito sódio, por exemplo, mas se for ser muito radical, teria que viver isolado do mundo. Mas com esses hábitos já consolidados na minha alimentação, o processo para me recuperar no pós-prova melhorou muito.
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