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Brasileiros quebram recorde na travessia do Estreito de Gibraltar

O recorde brasileiro na travessia a nado pelo Estreito de Gibraltar tem um novo dono. Ou melhor, dois donos. Gilberto Bucholtz e Julio Paim Vieira completaram o percurso em 3h38min (média de 1’24”/100m), no início de agosto. Eles superaram o antigo recorde do nadador Marcos Salvador de Oliveira, que completou o trajeto de 16 km, em 3h43min.

Gilberto e Julio são amigos há 15 anos e sempre discutiam sobre a possibilidade de enfrentar esse desafio. Considerada uma das sete mais difíceis do mundo, a travessia do Estreito de Gibraltar não é a mais longa, mas é desafiadora por conta das correntes marítimas, fortes ventos, temperatura da água, ondulação e profundidade, que pode chegar a 800 metros.

“O Estreito de Gibraltar é uma área de tráfego marítimo muito intenso e a existência de nadadores no local é informada às autoridades dos dois países – ele começa na Espanha e termina no Marrocos. Os atletas que estão atravessando têm preferência total. Ou seja, se houver um navio, ele tem de diminuir a velocidade ou mudar de rota”, explica Gilberto.

Os nadadores brasileiros treinavam para o desafio separadamente durante a semana e tentavam se encontrar para nadar juntos em mar aberto nos fins de semana. De preferência, em locais com correnteza forte e outras condições adversas. A ideia era buscar replicar as difíceis particularidades do Estreito de Gibraltar, que até então só sete brasileiros haviam cruzado a nado.

 

 

“Para iniciar a prova é necessário encostar a mão na pedra em Tarifa, na Espanha, que é quando soa um apito e é acionado o cronômetro. Na chegada, quando batemos a mão na margem africana, em Punta Cires, no Marrocos, o apito soa novamente e cessa a contagem de tempo”, conta Gilberto.

A escolha do dia para o evento também é importante, já que a correnteza pode acabar levando os atletas a uma área do Sul do Marrocos em que a chegada de imigrantes a nado não é autorizada – existe uma entidade apenas para regulamentar as tentativas de travessia, a ACNEG. 

Os atletas brasileiros fizeram a travessia acompanhados por um bote de apoio, mas não puderam tocar no barco para que a travessia fosse considerada válida. Companhia mais agradável ainda tiveram de um grupo de golfinhos e de algumas baleias ao longo do percurso.

“Paramos de hora em hora para hidratação, por no máximo 40 segundos, por causa da forte correnteza. Parávamos, bebíamos e voltávamos a nadar. Sempre juntos, pois a distância máxima entre os dois nadadores, por regra, não pode passar dos 50 metros, já que o barco tem que acompanhar os dois”, explica Gilberto.

 

Pedro Cunacia

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