A ultramaratonista aquática Patrícia Farias completou, na última quinta-feira (28), o Desafio do Lago Titicaca, entre a Bolívia e o Peru. Com isso, tornou-se a primeira mulher a realizar a prova. A nadadora fez o percurso de 20 km em 4 h16mins.

Com chuva ao longo do trajeto, a carioca nadou em temperaturas gélidas, que ficaram em torno dos 10°C, segundo o técnico Guilherme Siga. Patrícia enfrentou além da água fria, a alta altitude do lago, que fica a 3.812 metros do nível do mar.

Antes da prova, Patrícia visitou escolas na Bolívia e Peru para contar sobre o desafio. No local da chegada, no município de Yunguyo, no Peru, ela foi recebida com uma grande festa pela população local, que a apoiou desde o início da prova, na cidade de Copacabana na Bolívia.

“A largada atrasou um pouco. Com isso, fiquei um pouco tensa, ansiosa porque o tempo estava mudando e tinha algumas nuvens carregadas. Assim que começou a prova, iniciei de forma mais tranquila, conforme orientação do médico. Depois de uma hora senti a água bem gelada. Estava 10°C. Tive que driblar esse pensamento, focar no nado e outras coisas. Depois de 2 horas eu senti minha respiração. Começou a ficar complicado por conta da água gelada e altitude. De repente abriu um sol que me animou muito. Quando faltavam uns 5 km, o lago começou a mexer mais e peguei uma correnteza contra meu nado. Eu senti isso e tive que acabar mudando o nado. Quando eu estava bem próxima da chegada, eu vi uma multidão e então aquilo me deu um gás e dei até um tiro de uns 50 metros. Só tenho que agradecer porque a recepção, chegada, foi tudo maravilhoso. Foi uma experiência sensacional”, conta a atleta.

A preservação das águas e de todo meio ambiente em volta do lago foi um dos objetivos dos organizadores do desafio. Jornalistas locais de jornais, rádios e canais televisão acompanharam todo o trajeto.

“Estou sem explicação para tamanha emoção. São muitos agradecimentos. Ao meu treinador, aos meus amigos, familiares, apoiadores, quem estava mandando mensagens e na torcida o tempo todo. Aos municípios de Yunguyo e Copacabana por terem nos recepcionado tão bem na chegada da cidade e após a travessia. Teve uma equipe médica pronta que me atendeu. Houve uma recepção linda. Foi incrível nadar e poder falar que já atravessei o lago sagrado dos incas. Vou levar para vida isso”, finaliza Patrícia.

Guilherme Siga, técnico de Patrícia acompanhou todas as adversidades ao longo do trajeto e reforçou a boa preparação da atleta para prova.

“Foram treinos puxados. Forcei bastante mesmo, não sabíamos o que vinha pela frente, como seria a adaptação da Paty na altitude e deu tudo certo. Foi muito gratificante treiná-la. É uma atleta de ponta, Ironwoman. Acredito que tivemos uma sintonia muito boa e aprendemos muito mesmo um com o outro. O nosso entrosamento evoluiu muito bem. Foi um prazer enorme treiná-la.”, comentou o técnico da nadadora.