Quem disse que nos 1500m livre não tem emoção?

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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O último dia do Troféu Maria Lenk foi sem dúvida nenhuma o mais tenso de todo o evento. Todas as atenções se voltaram para os 50m livre masculino e a tentativa de Cesar Cielo em alcançar o índice olímpico. A queda de energia que atrasou o início da competição em mais de uma hora só aumentou o frenesi em relação aos cinquentinha.  Após a prova mais rápida da natação, que confirmou Bruno Fratus e Ítalo Duarte nos Jogos, parecia que não havia nada mais importante no programa. Mas engana-se quem achou que o dia acabou ai.

Depois dos 50m livre e 200m costas feminino e dos 100m borboleta masculino vieram os 1500m livre masculino, a prova mais longa da natação. E pelo fato de ser uma prova extensa onde a estratégia é na maioria das vezes mais importante do que a técnica ou a explosão, é comum ouvir comentários como que este é o momento certo para ir ao banheiro ou comer um lanche. Quem seguiu esse “conselho” se deu mal, porque perdeu uma das melhores provas de 1500m livre dos últimos anos.

 

Brandonn Almeida durante os 1500m livre - Foto: Satiro Sodré/ SSPress

Brandonn Almeida durante os 1500m livre – Foto: Satiro Sodré/ SSPress

 

Atual campeão mundial júnior desta prova, Brandonn Almeida era o grande favorito para vencer e fazer o índice olímpico. O nadador do Corinthians adotou sua tradicional estratégia de começar devagar e ir crescendo aos poucos. Miguel Valente, que nadava duas raias ao lado de Brandonn, adotava a estratégia oposta. Começou muito forte e foi abrindo muito em relação aos demais nadadores. Na altura dos 750 metros, metade da prova, a disputa se resumia a apenas Miguel e Brandonn. Não pela vitória, mas pelo índice olímpico de 15min14s77. Miguel mantinha o forte ritmo que imprimia desde o início e Brandonn vinha crescendo para esperar a hora H de lançar seu forte final de prova.

Nos últimos 100 metros ambos foram com tudo em busca do índice. Enquanto Miguel lançava suas últimas forças para segurar a liderança, Brandonn apertava o botão do “turbo” e mais uma vez mostrava seu fortíssimo fim de prova (fechou com impressionantes 57s73). Restando pouquíssimos metros ambos ficaram praticamente lado a lado, levando a torcida no Estádio Olímpico Nacional a ficar de pé e fazer muito barulho. No fim vitória de Miguel com 14min14s40 contra 14min14s58 de Brandonn. Índice olímpico para os dois e bastante comemorado pelo público. Uma prova eletrizante, emocionante e decidida na batida de mão.

 

O pódio dos 1500m livre - Foto: Ricardo Sodré/ SSPress

O pódio dos 1500m livre – Foto: Ricardo Sodré/ SSPress

 

Depois de 16 anos o Brasil voltará a ter representantes na prova mais longa da natação mundial em Jogos Olímpicos. A última vez havia sido com Luiz Lima em Sidney-2000. E será também a primeira vez desde Seul-1988, quando Cristiano Michelena e David Castro nadaram, que serão dois atletas nos 1500m livre. Uma mostra de que o fundo brasileiro está em processo de evolução.

Assista abaixo a eletrizante final dos 1500m livre do Troféu Maria Lenk:

 

 

Por Guilherme Freitas