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Em um país em que a tradição internacional na natação é predominantemente masculina, era difícil imaginar que chegaria o dia em que o maior destaque do país em um campeonato mundial seria uma mulher. E estamos vivendo esse dia, após a quinta etapa de finais no Campeonato Mundial de piscina curta de Windsor.
Ao vencer os 50m costas com 25s82, Etiene Medeiros faz história novamente. Em 2014, foi a primeira mulher brasileira a subir em um pódio em um campeonato mundial de natação, e logo com a medalha de ouro e recorde mundial. Em 2015, em piscina longa, foi vice. Agora, pelo terceiro ano seguido, sobe ao pódio mundial da prova, mostrando grande superioridade. Fundamentos de saída, virada e ondulação perfeitos. É o segundo melhor tempo de sua vida, somente atrás do recorde mundial de 25s67 de 2014. Nem mesmo uma grande prova de Katinka Hosszu, que fez 25s99, muito comemorado, principalmente por ter sido sua terceira prova da noite, foi suficiente para ameaçar a brasileira.
Etiene encerra um ano inesquecível, que teve momentos tensos como o resultado adverso em exame antidoping por um remédio para asma. Foi absolvida e nadou a Olimpíada, alcançando uma celebrada final nos 50m livre no Rio de Janeiro. A vitória de hoje é uma motivação e tanto para os próximos anos, nos quais ela deve se concentrar primordialmente nos 50m livre.
Falando em Hosszu, o dia também foi dela. Vitoriosa nos 100m e 400m medley, o ouro nos 200m medley não foi surpresa. Talvez seu melhor resultado técnico até agora com seu 2min02s90, com superioridade flagrante: mais de dois segundos à frente da segunda colocada, melhores parciais da prova em todos os nados… Com as medalhas nos 50m costas e 200m medley, chega a oito medalhas e iguala seu recorde do Mundial de Doha-2014, compartilhado com Ryan Lochte em Istambul-2012 e Doha-2014. Se levar mais uma amanhã, nos 100m borboleta, chega a nove e se isola como recordista. Ainda nadará os 200m peito. É difícil, mas se subir ao pódio dessa, se tornará a primeira nadadora a conquistar medalhas em todos os estilos em um mundial.
Com a vitória nos 50m borboleta, Chad le Clos conquista a tríplice coroa no borboleta pelo segundo Mundial de curta consecutivo. É o primeiro homem a nadar abaixo dos 22 segundos desde sua vitória em Doha-2014. Com 21s98, se não tivesse respirado a primeira braçada após a virada talvez poderia ter batido seu recorde de campeonato de 21s95 e até ameaçado o recorde mundial de 21s80. Mas seus fundamentos são perfeitos para piscina de 25 metros. Em uma prova de 50m, virar junto dos adversários e estar uma braçada à frente após a parte submersa impressiona. Uma pena Nicholas Santos não ter entrado na final, pois com seu tempo da eliminatória de ontem, em que ele deu seus 100%, teria terminado na quarta posição.
Feito histórico também para o japonês Daiya Seto. Com a vitória nos 400m medley (3min59s24), conquista o tricampeonato consecutivo em piscina curta da prova, único a alcançar o feito na competição. E não só isso: como foi campeão mundial em piscina longa em 2013 e 2015, é campeão mundial da prova pelo quinto ano consecutivo. Algo semelhante só foi visto antes com Ryan Lochte, campeão dos 200m medley também em cinco mundiais consecutivos entre 2009 e 2013.
A jamaicana Alia Atkinson entrou mordida nos 100m peito contra a americana Lilly King para a revanche dos 50m. Manteve um ritmo fortíssimo até os 75 metros e cansou no final, permitindo a aproximação de King, mas a distância conseguida foi suficiente para garantir a vitória com 1min03s03 – um tanto distante do recorde mundial estabelecido na Copa do Mundo de 1min02s36, mas o bicampeonato mundial valeu.
Ao terminar a semifinal dos 100m borboleta na sexta posição com 57s10, Daiene Dias repetirá a final conseguida há dois anos em Doha. Como sua melhor marca é 56s87 e a terceira coloca hoje fez 56s68, ela saiu da prova até falando em brigar pelo pódio. Se ajustar os últimos 25 metros e a chegada, tem chances. Impressionou Katinka Hosszu, nadando 20 minutos após os 200m medley e quase quebrando seu recorde nacional, com 55s80.
Mais chances de pódio terão Felipe Lima e Felipe França nos 50m peito, classificados em segundo (26s08) e quarto (26s10), respectivamente. Lima errou a chegada e pode nadar para 25s, o que será necessário para bater o russo Krihil Prigoda que fez 25s95. França pode melhorar sua saída, que não foi tão boa como costuma. Há chance até de dobradinha, mas a concorrência é forte, como por exemplo do sul-africano Cameron van der Burgh.
Amanhã a competição termina, encerrando o ano olímpico. Ou, se você preferir, iniciando o próximo ciclo.
Por Daniel Takata
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