Sinfonia Inacabada

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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O compositor austríaco Franz Schubert compôs, em 1822, sua Sinfonia nº 8. A obra ficou para a posteridade com o nome de Inacabada, por ter somente dois movimentos, ao invés dos tradicionais quatro. Apesar do nome, a obra foi concebida desta maneira e não é incompleta. Mas, pela sua estrutura, deixa um gosto de quero mais.

Pois Sinfonia Inacabada seria uma descrição apropriada para o quinto dia de finais do Troféu Maria Lenk, última seletiva olímpica da natação para o Rio 2016. Pois as provas deixaram esse sabor de quero mais, por diferentes motivos.

Larissa Oliveira (foto: Satiro Sodré/ SSPress)

Larissa Oliveira (foto: Satiro Sodré/ SSPress)

Os resultados dos 100m livre feminino foram promissores. A começar pelo recorde sul-americano de Larissa Oliveira com 54s03, fundamentos excelentes de saída e virada e ótima divisão de prova. Em grande fase, recupera de Etiene Medeiros o recorde que um dia já foi seu, assim como fez nos 200m livre. Etiene, com 54s50, não melhora seu tempo, mas já mostrou que tem capacidade para melhorar. Daynara de Paula, que na eliminatória fez 55s02, melhor marca pessoal, completa o revezamento 4x100m livre com Manuella Lyrio (55s20 no Open).

E é aí que fica o gosto de quero mais: a expectativa de melhora no revezamento é grande. Com o tempo do Pan-Americano do ano passado, a equipe seria finalista no Mundial. Agora, a equipe está ainda mais rápida. Uma final olímpica, repetindo o feito do time feminino olímpico liderado por Piedade Coutinho no longínquo ano de 1948, é uma possibilidade real.

Os 200m medley masculino causaram empolgação com o desenrolar da prova, mas uma sensação incompleta. O duelo anunciado entre Thiago Pereira, prata no mundial de 2015, e Henrique Rodrigues, atual campeão pan-americano, aconteceu, e de maneira acirrada. Com grande alternância de liderança, os dois geraram expectativa quando viraram para os 150m empatados, e provocaram uma explosão no público ao também terminarem em um improvável empate, com 1min57s91.

E essa foi a frustração. O tempo ficou aquém das expectativas. Se ambos querem lutar por medalhas no Rio, não podem nem sonhar em nadar acima de 1min56s. Eles planejavam chegar na marca hoje. Não aconteceu.

Henrique Rodrigues e Thiago Pereira (foto: Satiro Sodré/ SSPress)

Henrique Rodrigues e Thiago Pereira (foto: Satiro Sodré/ SSPress)

Nos 200m costas masculino, expectativa para índices, mas Leonardo de Deus, com 1min57s57, foi o único a garantir a vaga olímpica, em uma prova na qual já tinha índice. Concorrentes como Fabio Santi e Fernando Ernesto dos Santos não acompanharam a segunda metade de prova de Leonardo, e o Brasil terá somente um nadador na prova na Olimpíada.

Nos 200m peito feminino, não havia nenhuma expectativa de índice, ao menos para nadadoras brasileiras. Quem tinha a possibilidade era a argentina Julia Sebastian, que com o recorde sul-americano de 2min27s06 do Sul-Americano há três semanas havia ficado a um décimo do índice. Ela bem que tentou, mas com 2min28s12 não chegou perto. Pamela Souza foi a melhor brasileira (atrás de quatro estrangeiras) com 2min31s75.

Amanhã, dia cheio, com provas acirradas como 50m livre e 100m borboleta masculino. E que tem tudo para não lembrar uma sinfonia inacabada.

Por Daniel Takata