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Os últimos Jogos Olímpicos (que aconteceram em de Londres-2012) colocaram à prova os principais atletas do mundo em diversas modalidades. Entre tantas competições, os melhores nadadores ficaram frente a frente — ou melhor, lado a lado — em busca da medalha de ouro. Nas piscinas, contrariando previsões pessimistas, por conta da ausência dos “supermaiôs”, foram quebrados nove recordes mundiais e 25 olímpicos. Sem contar o feito histórico do norte-americano Michael Phelps, que se despediu da natação com 22 medalhas, seis delas conquistadas no Centro Aquático de Londres.
Já na maratona aquática, a húngara Eva Risztov causou espanto pela sua resistência, já que participou das provas de 400 m livre, 800 m livre e do revezamento 4×100 m livre defendendo as cores da Hungria, antes de conquistar a medalha de ouro, com a marca de 1h57min38s. Além desses recordistas, estiveram na capital inglesa atletas como Ryan Lochte, César Cielo, Poliana Okimoto (que chegou a ficar em quinto lugar na maratona, antes de ser retirada da prova, vítima de hipotermia, por conta da baixa temperatura da água), Keri Anne Payne (favorita ao ouro nos 10 km da maratona, por ser a campeã mundial, a atleta da casa ficou com o quarto lugar na prova) e Thomaz Lurz. Todos, a seu modo, dando um show dentro da água!
Apesar de todos terem participado de provas no nado livre, ficou evidente a diferença de técnica entre eles — ainda mais nas Olimpíadas, quando não se tem mais nada o que esconder e todas as atenções dos amantes desse esporte se voltam para as piscinas ou (no caso da maratona aquática e do triathlon) para as águas abertas.
A diferença no estilo do nado entre os atletas de piscina e os de águas abertas é gritante. Apesar de o intuito ser o mesmo — mover-se na água de forma rápida —, diante de uma análise mais profunda parecem esportes diferentes. Traçando um paralelo com o triathlon, essa situação é similar a realizar um short e um Ironman. Parafraseando Santiago Ascenço, um dos principais triatletas do País, “triathlon é uma coisa e Ironman é outra, completamente diversa”.
A diferença de estilo no nado entre os atletas de piscina e os de águas abertas é gritante. Aos leigos, basta reparar no que levanta de água entre uns e outros. Isso não se deve somente à velocidade da braçada, mas tem muito a ver com a técnica.
Para explicar a diferença entre velocistas e fundistas dentro da água, VO2 procurou três especialistas no assunto, que, junto com a explicação, deram boas dicas para você aplicar nas provas de natação dentro da piscina ou nas maratonas aquáticas e provas de triathlon. Confira.
A braçada mais eficiente
A opção por uma técnica de braçada ou outra passa por uma análise criteriosa de seu estilo e características físicas, seja para provas curtas ou longas. Essa análise deve ser feita por você em conjunto com o seu treinador. “Tem gente que não pode fazer uma braçada usando a técnica do Michael Phelps ou do César Cielo, pois tem algum histórico de lesão”, avalia Danilo Bocalini, treinador de natação, professor da Uninove e doutor em ciências pela Universidade Federal de São Paulo. Nesse caso — independentemente da prova a ser nadada —, a braçada mais eficiente é aquela que rende melhor conforto.
Apesar de indícios apontarem que realizar o movimento de braço com o cotovelo esticado em provas de velocidade rende menor economia de energia, essa teoria ainda não pôde ser confirmada. Basta ver que ainda existem recordistas que utilizam a braçada com o cotovelo dobrado, vencendo provas diante de nadadores que utilizam a técnica do cotovelo esticado. Assim, quando você for analisar a melhor opção para o seu caso, junto com a escolha do movimento mais confortável, tente encontrar a resposta para a seguinte pergunta: o quanto você é eficiente para se deslocar no meio líquido?
Encontrada a resposta, resta uma alternativa: aprimorar a técnica de seu nado. Quanto melhor for sua técnica na água, menor será o seu gasto energético. “Se isso é válido para provas de 50 metros, imagine para competições de longa distância, quando se ficam até horas dentro da água, o quanto seu resultado pode ser melhor?”, indaga Nelson Guaranha, treinador da NTGuaranha Assessoria Esportiva.
Foco nas águas abertas
Se você for triatleta ou nadador de maratonas aquáticas e está pensando em fazer uma braçada igual à do Michael Phelps no final das suas provas de medley ou de nado livre, a pedida é fazer uma análise criteriosa dessa técnica, antes de se definir por essa opção. O fenômeno das piscinas norte-americano utiliza o braço reto, com o cotovelo esticado, e precisa fazer uma finalização muito forte, se assim podemos dizer. Claro que a finalização da braçada é uma etapa importante, mas em uma prova longa você precisa ter sabedoria e discernimento para decidir o momento certo de iniciar essa fase. Não se trata de “desencanar” da finalização e sim de economizar energia para “descarregar” no final. “Nesse tipo de prova, quase não há finalização nesse período”, ensina Bocalini.
Com isso, o nadador evita um desgaste desnecessário no tríceps, músculo importante para aplicação de força na braçada. Com essa região mais inteira, o atleta tem aquele gás final para sair da água em primeiro, seja para buscar a medalha de ouro ou sair com a bicicleta na frente. Porém, para se manter entre os dianteiros durante a prova, o maratonista da água deve primar pela excelência no início da braçada. Basicamente, é o torque que defi ne como vai ser o deslocamento do atleta na água.
Mais força na piscina
Para as provas mais curtas, não tem muito que poupar energia. É força e técnica pura, exatamente o oposto do que acontece nas provas de longa distância. É comum os triatletas se aventurarem em provas curtas de natação, servindo de treino para as suas competições-alvo. O resultado, porém, nem sempre é o esperado, já que as técnicas utilizadas nos dois casos são muito diferentes — como se sabe, o triatleta está acostumado a realizar uma braçada mais econômica. “Quem deseja buscar velocidade deve nadar como se fosse um ventilador”, sugere Paulo de Tarso Borghi, ex-velocista da Universidade da Flórida e do Vasco da Gama.
A braçada para quem está de olho em resultado na piscina tem no torque o apoio para o movimento do corpo. Na continuação do movimento, esticam-se o corpo e o braço para se deslocar mais rapidamente na água. “Com isso, existe um deslizar do corpo e um ganho de espaço na água. No caso do velocista, esse tempo é bem curto”, explica Paulo de Tarso.
Ainda no caso da piscina, a finalização da braçada não deve ser muito flexionada, sob o risco de perda de potência no movimento e, consequentemente, de segundos na prova. No caso das piscinas, um piscar de olhos faz toda a diferença.
Técnica de nado na piscina
Finalização de braçada é muito importante para as provas mais curtas, quando o movimento exige muito mais potência do que em competições em águas abertas. Por isso, esta é uma etapa que deve ser treinada. Um exercício bom para isso é nadar com uma prancha entre as pernas — nesse caso, a mão do nadador deve tocar a prancha ao final de cada braçada. “Isso melhora a biomecânica com o rolamento do ombro, diminuindo a resistência na água”, garante o treinador Danilo Bocalini.
O que treinar para águas abertas
Durante a navegação na água, a respiração frontal é indispensável para o atleta se situar no percurso. O movimento exige um gasto de energia muito grande. Por isso, deve ser treinado e retreinado, já que o levantar da cabeça faz o quadril abaixar. Os menos acostumados a esse tipo de respiração podem sofrer uma queda de rendimento muito grande durante a competição — quando não tomar um “caldo” e engolir água, sacrificando a própria prova.
(Matéria publicada na revista VO2 Bike, edição 84, setembro de 2012)
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