Eles correm muito, comem da maneira mais natural possível, não usam suplementos e fogem de alimentos processados e produtos industrializados. Precisam de mais energia, acelerar a recuperação ou o rendimento? Apelam para vegetais, castanhas, frutas, ervas em pó, tomam café com especiarias e etc. Entramos no lado “natureba” da corrida para descobrir quais os melhores alimentos para turbinar seu desempenho.
Pedro Lutti é fotógrafo e tem 37 anos. Atleta amador de corridas de montanhas e ultramaratonas, encara provas de até 100 km. É vegano e não consome nada industrializado além da palatinose, um carboidrato de baixo índice glicêmico. “A que eu uso é minimamente processada, extraída do açúcar da beterraba, no mais é tudo ‘naturalzão’ mesmo”, conta ele. Seu parceiro de equipe, Carlos Bertola, 38, é ultramaratonista e também compartilha do mesmo estilo de vida de Pedro. “O único suplemento que eu tomo é uma proteína em pó vegana de vez em quando”, conta ele.
Pedro começa as manhãs tomando sucos com raízes e tubérculos, como gengibre, cúrcuma e a pimenta. Também consome quantidades de gorduras boas junto às especiarias antes de correr longas distâncias para estimular o organismo e a utilizá-las como substrato energético; além da palatinose para energia pré-treino. “Abacate, coco seco, amendoim, nuts, chia, linhaça, gergelim branco, amendoim, consumo todas essas fontes de gordura em grande quantidade. E tem o kefir, minha nova paixão. Como sou vegano, faço o kefir de água e tomo todas as manhãs. Faz muito bem para o intestino e ajuda na performance”, explica o atleta. “Gostava muito também do feno-grego, deixava-me com ‘sangue no olho’, se é que posso falar assim…”, lembra Pedro, que ainda consome feno-grego, beterraba em pó, maca peruana e Spirulina.
Bertola tem uma rotina mais corrida, pois trabalha viajando durante a semana. Adaptou a correria do dia a dia aos seus hábitos alimentares e leva os tênis para treinar sempre que pode. Mas aos finais de semana, vai para a cozinha. Cogumelos (shimeji, shiitake, paris), legumes refogados (repolho, chuchu, abóbora cabotiá, alho) não faltam no seu cardápio. “Depois que comecei a cuidar da alimentação, percebi que não deixei de ser forte, mas fiquei mais leve e desempenhei melhor. Parece até que tenho mais energia”, comenta Bertola. “Sinto que meu corpo funciona melhor quando vou do jeito mais natural possível”, continua.
Um relatório divulgado pela American Herbal Products Association que analisou mais de 31.000 adultos nos Estados Unidos mostra que nascidos a partir de 1982 são os maiores responsáveis pelo aumento do mercado de produtos naturais. Representam 19% do consumo somente nos EUA e buscam com isso, principalmente, performance e recuperação nos esportes, além de combater problemas como ansiedade, estresse e depressão.
Ingrid Polini é uma das que busca nesses produtos um melhor desempenho. A atleta de 22 anos também é ultramaratonista e vive buscando formas naturais de suplementar a sua dieta. Em 2015, saiu da anorexia quando descobriu a corrida. “Peguei gosto pelo esporte e acredito que ele me curou”. Para ganhar energia, ela toma bastante café, chás e especiarias variadas. “Uso muito a cúrcuma e o gengibre, que me dão energia e melhoram a recuperação muscular. Café e especiarias com frutas densas como manga, atemóia, abacate são os meus pré-treinos preferidos. Como bastante grão-de-bico, feijão, proteínas vegetais, misturando com vegetais escuros para aumentar a ação antioxidante dos alimentos”, conta Ingrid, que também gosta de suplementar com Spirulina e Matcha.
As frutas também são as aliadas da atleta para ter energia antes e durante os treinos. “Como em média três a quatro frutas por dia. Meu pré-treino oficial é uma manga, a fruta digere bem e dá muita energia para correr. Gosto de bananinhas e levo castanhas para equilibrar o índice glicêmico das frutas”, lista a atleta. E de pós-treino? Comida. “Feijão com salada. Só apelo para a proteína vegana em pó quando não dá tempo de comer nada sólido”, continua ela.
Diferente dos estimulantes e suplementos sintéticos, os alimentos conhecidos como adaptógenos – conceito criado pela agência regulatória americana, Food Drug Adminstration (FDA) – contribuem para a melhora do metabolismo e da capacidade de adaptação a situações extremas, pois permitem um aumento da resistência física e psíquica ao estresse. “São compostos à base de plantas, principalmente raízes, cascas, bagas, folhas e cogumelos”, explica a dra. Pammella Carvalho, nutricionista clínica funcional e esportiva.
Além deles, alimentos e algas em pó também podem ser utilizados por quem busca melhor recuperação, rendimento ou energia, como fala Juliana Lima Arantes, nutricionista funcional do Espaço Aura Claro. “Em relação aos adaptógenos, gosto do panax ginseng, gengibre e maca peruana. Em relação aos alimentos, cúrcuma, beterraba e probióticos são bem interessantes. É importante levar em consideração a individualidade bioquímica e o objetivo de cada um antes de indicar qual tomar”.
A seguir, uma seleção de plantas adaptógenas, alimentos e algas mais indicados e seus benefícios para
Panax ginseng: a raiz melhora a resposta ao estresse, a circulação, o sistema cognitivo, e pode ajudar a aumentar os níveis de testosterona. Também auxilia na resistência física e mais de 60 estudos relatam seus benefícios.
Feno-grego: encontrado em pó ou em grãos, a erva pode favorecer o aumento de massa muscular e os níveis de testosterona livre. Resultados de estudos mostraram que tem um efeito anabólico (favorece a absorção de nutrientes) significativo.
Matcha: extrato de chá-verde em pó que possui cafeína e catequinas que ajudam no desempenho do atleta, energia e rendimento.
Maca peruana: vegetal crucífero, tem ação na disposição e aumenta a energia. Restaurador físico e psicológico, melhora a memória, a concentração e ainda fortalece o sistema imunológico.
Tribullus: a erva possui um hormônio não-esteroidal que aumenta a testosterona no organismo. Atua na melhora do humor, no aumento da massa muscular em atletas, no sistema imune e na redução dos níveis de colesterol.
Chá-verde: o extrato de chá-verde é termogênico (acelera o metabolismo) e tem efeito sobre a perda de gordura, mas seu consumo deve ser evitado em pacientes com doenças cardíacas.
Cúrcuma e gengibre: agem como um anti-inflamatórios e antioxidantes. No caso da cúrcuma, o princípio ativo, a curcumina, é responsável pelos efeitos sobre o sistema imune e a regeneração muscular.
Spirulina: é rica em cálcio, vitamina A, zinco, B12, magnésio e ferro e melhora o sistema imune e ajuda a reduzir colesterol. Pode ser utilizada também para o aumento do desempenho esportivo.
Beterraba: é rica em nitrato, que vira óxido nítrico, um vasodilatador que melhora a absorção dos nutrientes, ajuda na transferência de oxigênio para o tecido muscular e gera mais energia. Diminui a fadiga muscular.
Kefir e kombucha: o kefir é produzido pela fermentação do leite (ou água). Já o kombucha pela fermentação do chá-verde, mate ou preto. Nos dois casos, a fermentação multiplica as bactérias benéficas que ajudam na imunidade. Auxilia na absorção de nutrientes e na eliminação de toxinas.
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