Consumo de manteiga: vilão ou mocinho?

Atualizado em 11 de janeiro de 2018
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Nos anos 40, pesquisas indicaram que o crescente consumo de gorduras causava câncer e doenças cardiovasculares. O abandono do uso da manteiga acelerou e a margarina foi tomando espaço e sendo aceita largamente como a melhor opção. No entanto, ela é uma gordura endurecida artificialmente e advém de óleos vegetais. Com o tempo, estudos mostraram que esse processo, chamado hidrogenização (daí o termo gordura vegetal hidrogenada ou gordura trans) era, sim, o vilão para a saúde cardiovascular.

E, já não é segredo para ninguém que fomos bombardeados por salgadinhos, pipocas de microondas, bolachas recheadas, creme de bolos e pães doces recheados desse tipo de gordura (há anos!). Acredito que isso tenha contribuído, sim, para o aumento de doenças cardiovasculares. Agora, a maioria dos produtos já apresenta níveis muito baixos de gordura trans. Segundo a legislação, a margarina pode conter até 3% de gordura animal, também.

A manteiga se origina do creme do leite e contém colesterol e gordura saturada, assim como qualquer alimento de origem animal. O medo do consumo da manteiga, que foi banida por tantos anos pela sociedade, tem origem nessa composição e no aumento alarmante do número de doenças cardiovasculares no mundo.

Porém, a manteiga é fonte natural de vitamina A, importante para o sistema imunológico, para o crescimento e desenvolvimento ósseo, para manutenção de todos tecidos e para a visão. Além disso, a manteiga também é fonte de vitamina D – muito estudada por ter sua deficiência crescente na população mundial e que vem sendo associada a inúmeras doenças. Também, de vitamina E, que é um poderoso antioxidante celular. Ela também é rica em dois tipos de ácidos: os graxos (gorduras) de cadeia curta, que possuem excelentes benefícios à saúde, e até proteção contra câncer. E o linoleico conjugado (CLA), que vem sendo estudado como protetor contra crescimento de células tumorais.

Saiba que, hoje, há no mercado os cremes vegetais que, pela legislação, contém apenas óleos vegetais com teor de gordura menor, do que quando comparado à maioria das margarinas. No mercado, ainda existem os cremes vegetais enriquecidos com fitosteróis, com comprovados efeitos no controle do colesterol plasmático.

Concluindo: manteiga contém colesterol e gordura saturada. A margarina é basicamente fonte de gordura insaturada, aquela que não se acumula nas artérias. Mas baseado em todos os benefícios que citei, prefiro sempre atuar com meus clientes com alimentos menos processados, e o consumo controlado de manteiga (por todos, não somente por quem sofre com colesterol alto), pode ser mais benéfico do que maléfico. Acredite! Dependerá da dieta toda que você faz e do que seu nutricionista acredita ser melhor pra você.

Priscila Di Cierio é pós-graduada em Nutrição Esportiva Funcional e Diplomada pelo Institute for Functional Medicine (EUA) – prisciladiciero.com.br