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As dietas da moda se multiplicaram nos últimos anos. Você certamente já leu que alguma celebridade “secou” graças a um novo regime.
A atriz americana Kate Beckinsale revelou que, durante algum tempo, cada refeição sua deveria caber em uma taça de 90 mililitros. Era a dieta do martini, uma referência à taça em que é servido o drinque. Recentemente, portais brasileiros divulgaram que Sasha Meneghel emagreceu graças a uma dieta com alimentos em pó. Exemplos não faltam.
Não há mal em seguir uma dieta específica ou restritiva, desde que haja acompanhamento profissional. O problema é que muitas pessoas se inspiram nessas dietas famosas e simplesmente seguem um programa alimentar por conta própria, fato que preocupa Vivian Ragasso, nutricionista esportiva do Instituto Cohen. Cada organismo reage de uma maneira aos alimentos, o que impossibilita a padronização das dietas. Sem que seja descoberto, por exemplo, o índice glicêmico de um indivíduo, não se sabe qual é a velocidade em que um alimento com carboidrato aumenta a glicose no sangue.
“Dietas da moda são sempre um perigo. Se não é específico para alguém, não considera alergias, preferências por determinados alimentos ou índice glicêmico. Muitas vezes, a pessoa segue um conceito restritivo, mas aquilo talvez não seja específico para ela. Isso não é saudável”, diz Ragasso. Os efeitos colaterais são diversos, do efeito sanfona, quando a pessoa recupera o peso perdido, a problemas mais sérios, como deficiências nutricionais e até distúrbios alimentares.
As dietas padronizadas se popularizaram junto com um tipo de profissional cuja atuação vem sendo muito contestada por nutricionistas e pela classe médica: os coaches nutricionais, que enviam planilhas e recomendações pela internet, sem qualquer tipo de consulta prévia.
Entre as dietas mais famosas que pipocam pelas redes sociais, está o jejum intermitente, em que a pessoa fica até 12 horas sem comer. A endocrinologista Maria Fernanda Barca questiona a eficácia do regime e o compara a uma represa.
“Você fica segurando e, na hora em que abre a porta, transborda. Tudo que você deixa de comer volta com força depois. O que nós vemos durante o jejum intermitente são os pacientes passando mal, com dor de cabeça, tendo hipoglicemia. Todo tipo de escolha com o paciente tem que envolver uma análise e exames”, afirma.
Outro tema que surgiu com força nos últimos anos foi a intolerância a glúten e lactose, apontados como vilões nos últimos anos. Barca explica que trata-se de um problema raro, embora haja um esforço da indústria em vender alimentos sem glúten ou lactose em grande quantidade. Mesmo que haja interesse em cortar o glúten e a lactose da dieta, é preciso consultar um profissional para tal. O motivo é que há pessoas afirmando que cortar o consumo dessas substâncias deixou a digestão a mais rápida e desconfortos como inchaços e gases desapareceram – apesar de não existirem estudos conclusivos a respeito.
“A intolerância a lactose está na moda. Mas a incidência de intolerância a lactose é muito rara. Quando existe essa intolerância, há um expulsão imediata. O próprio leite da vaca tem uma proteína que outros leites não têm. Vender alimentos sem lactose ou sem glúten vale a pena. Para a indústria, é economicamente rentável”, acrescenta.
Em 2016, 28,5% dos norte-americanos diziam que queriam reduzir ou cortar essa substância de sua alimentação. A indústria de alimentos sem glúten soube faturar com isso. Mais de 1.500 produtos gluten-free foram lançados nos Estados Unidos.
Os alérgicos ao glúten (ou seja, que de fato possuem a doença celíaca) apresentam diarreia ou prisão de ventre, dores no abdômen, sensação de barriga inchada e, em casos mais graves, anemia. Só um médico é capaz de diagnosticar a doença celíaca. Porém, segundo Barca, a demonização do glúten e da lactose não passa de uma tentativa de autopromoção de determinados profissionais.
“Há uma tendência de fazer diferente para lançar tendência e atrair público para as dietas da moda”, conclui Barca.
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