Glucosamina: suplemento para cartilagem não tem eficácia comprovada

Atualizado em 07 de fevereiro de 2019
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É comum recorrer a algum tipo de suplemento para ajudar a se recuperar de alguma lesão causada pela corrida ou por outro esporte.

Se você tem algum problema no joelho, como condromalácia patelar, provavelmente já ouviu falar na glucosamina, uma substância que supostamente estimula a produção de cartilagem.

De acordo com o ortopedista Thiago Righetto, a glucosamina ou glicosamina é uma substância produzida naturalmente pelo corpo e está na cartilagem e no líquido sinovial das articulações.

Com o passar dos anos, sua produção diminui. Por causa dessa baixa, até quem não possui nenhum tipo de lesão utiliza o suplemento com o objetivo de proteger a cartilagem.

“Acredita-se que a glucosamina reduza o efeito de mediadores inflamatórios que agridem a cartilagem e dessa forma inibe sua degeneração. Contudo, esses mecanismos de ação não são comprovados”, alerta.

“Ainda não há consenso na literatura médica que indique sua eficácia. Na última análise sobre o tratamento não cirúrgico da artrose realizada pela Academia Americana de Cirurgia Ortopédica (AAOS) foi concluído que não há embasamento científico que mostre a real eficácia da substância no alívio de sintomas ou alteração da progressão da doença”, completa.

Glucosamina + condroitina

Essa combinação é bastante comum nas farmácias de manipulação. Acredita-se que a condroitina – com ação bem similar a glucosamina – tenha um efeito mais protetor, por inibir a ação inflamatória e as enzimas insalubres para a cartilagem.

“Porém esse benefício também não foi provado cientificamente e encontraram até um benefício maior na glucosamina isolada”, destaca o ortopedista.

Contraindicação

Justamente pela falta de comprovação, a AAOS desaconselha o uso do suplemento, mas não é incomum encontrar relatos na internet de pessoas que consomem a glucosamina diariamente e sentem melhoras.

É importante ter cuidado com o uso indiscriminado da substância. Embora tenha poucos efeitos colaterais, pode causar gastrite e úlcera gástrica ou duodenal.  “Pacientes com histórico de doenças gastrointestinais devem evitar seu uso. Outra contraindicação é o uso em pacientes diabéticos”, finaliza Righetto.