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Peito de peru: de mocinho a vilão em pouco tempo

Atualizado em 14 de junho de 2021
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Há não muito tempo, o peito de peru era considerado saudável e foi uma opção frequente para quem pretendia fugir das calorias e do alto teor de gordura do presunto.

Em lanchonetes e casas de suco Brasil afora, o peito de peru foi alternativa onipresente em cardápios saudáveis. O embutido, no entanto, passou de mocinho a vilão nesta década.

O motivo? Apesar do baixo teor de gordura, o peito de peru tem em sua composição uma grande quantidade de sódio (500 mg em duas fatias), aditivos químicos, conservantes e corantes.

A nutricionista esportiva Mariana Klopfer, diretora clínica da Nutricius – Nutrição Esportiva, observa que, a partir dos anos 1990, as empresas de alimentos frigoríficos modificaram a composição do peito de peru.

Originalmente, o alimento é esbranquiçado e mais seco. Para torná-lo mais saboroso, atraente e aumentar o seu tempo nas prateleiras de supermercados, algumas produtoras de embutidos alteraram sua composição.

“No passado, as pessoas estavam mais preocupadas com a quantidade de gordura dos alimentos. E o peito de peru realmente é menos gorduroso e calórico que o presunto. Veio naquele ‘boom’ de alimentos light, que transmitiam uma ideia de redução de gordura. Com o avanço da tecnologia e o aumento das doenças crônico-degenerativas, as pessoas passaram a se interessar não só pela gordura, mas, sim, sobre como é feito o alimento. Como o peito de peru é altamente industrializado, com uma quantidade alta de aditivos químipcos, ganhou fama de vilão”, diz Klopfer.

À esquerda, o peru original, esbranquiçado e mais seco. À direita, após alterações em sua composição, mais rosado

 

A má fama foi reforçada até pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A Agência Internacional para pesquisa sobre o Câncer (em inglês, IARC), órgão ligado à OMS, publicou um artigo relacionando o consumo de peito de peru e outras carnes processadas ao câncer.

De acordo com a pesquisa, o consumo diário de 50g de peito de peru (entre 3 ou 4 fatias) aumenta em 18% o risco de enfrentar o câncer colorretal.

“A melhor opção é riscar esses alimentos do cardápio diário, deixando o consumo para eventualidades”, advertiu o relatório da IARC. “Em produtos defumados, utiliza-se ainda o alcatrão (fumaça), uma substância presente no cigarro e cujo potencial cancerígeno já é conhecido por todos. Isso sem falar do glutamato monossódico, um realçador de sabor, largamente utilizado hoje em dia, e que pode provocar doenças mentais sérias como Alzheimer.”

Peito de peru, um ladrão de energia

Além de vilão da saúde, o peito de peru atrapalha até a rotina de um esportista.

Chamado de “ladrão de energia”, ele, assim como o salame, a mortadela e o presunto, altera o funcionamento do organismo, que tenta repor o que os corantes anulam no processo da digestão.

“Os embutidos causam uma cascata de processos inflamatórios e oxidantes. Para reverter essa situação, disponbilizamos muitas vitaminas e minerais, fazendo com que o restante do organismo não funcione adequadamente”, afirma Mayara Ferrari, nutricionista funcional esportiva.