Ironman.comFoto: Ironman.com

Canadense é o primeiro anão triatleta a completar um Ironman

Atualizado em 22 de novembro de 2016
Mais em Notícias

“Você não pode, é muito baixinho. Você não pode, é muito pequeno”. Ao longo de toda a sua vida, o canadense John Young, anão triatleta, ouviu comentários com o teor das frases acima. Quando estava percorrendo a reta que o conduziria à linha de chegada de seu primeiro Ironman, o anão que mede 1,32m encheu seus pequenos pulmões e gritou, em resposta a todos que o desacreditaram. “Olhem para mim agora!”.

No início de outubro, Young se tornou o primeiro anão a completar um Ironman. Concluiu o 1,9km de natação, os 90 de pedaladas e os 21,1km de corrida em 14h21min. Quando se aproximava da linha de chegada, avistou a mulher dele, Sue, e o filho, Owen, com a medalha de finalista do pai pendurada no pescoço. “Não poderia desejar uma chegada melhor do que aquela”, festejou John.

O anão triatleta decidiu se inscrever no Ironman de Maryland este ano, quando completou seu 50º aniversário. Young visitou a página do Facebook do evento e recebeu uma mensagem do próprio diretor do evento, que se prontificou a ajudá-lo. “Ele foi formidável. Todos se empolgaram e me acolheram na prova”.

Young recebeu ajuda de uma marca de bicicletas de Massachusetts, a Seven Cycles, que desenhou um modelo especial para ele. Essa bike substituiu a pesada mountain bike infantil que o anão adaptara. E quem pagou o modelo fabricado pela Seven Cycles? Uma senhora que Young nunca encontrara antes bancou a empreitada após tomar conhecimento do sonho do anão triatleta. “Ela tem uma sobrinha com nanismo e me disse: ‘o mundo precisa ver que não importa o corpo que você tenha, se você acrescentar esforço e treinamento, você pode fazer qualquer coisa que quiser”, conta o anão triatleta.

 

 

O treinamento de Young para capacitar seu corpo a aguentar provas de endurance implica esforço adicional, porque suas curtas pernas cobrem distâncias inferiores em comparação com atletas que não têm nanismo. O anão triatleta ajustou seu cronograma de forma a cumprir treinamentos muito longos, aos quais seguiam folgas de um dia inteiro.

O atleta se sentiu pronto ao chegar a Maryland e encontrar um tempo chuvoso, acompanhado por forte ventania. Naquele cenário, percebeu que seu último temor era o risco de cancelamento da prova. O trecho ciclístico já se anunciou desafiador. “Era um percurso plano, sem subidas ou descidas, e pedalei num ritmo constante por seis horas e meia”. Os perrengues não se resumiram à perna de ciclismo, é claro. “Na corrida, a água estava na altura das minhas coxas. Era uma loucura, mas eu estava sorrindo. Pensei comigo: este é apenas um teste, faça o que puder”. O treinador dele, Brian Hammond, o encontrou a 1 milha e meia da chegada (2,4 quilômetros). “Ele me disse: você nunca mais vai vivenciar sua estreia num Ironman. Trate de guardar na memória cada momento até concluir”.

Hoje, o anão triatleta tem lembranças e histórias para contar de um Ironman cumprido. Elas se somam a algumas participações na distância sprint e olímpica, e três 70.3 (meio Ironman). No total, ele contabiliza 40 participações em provas de triathlon, além de oito maratonas, incluindo três participações na de Boston e uma na de Nova York.

Do alto de toda essa experiência, Young oferece aos leitores três pílulas de sabedoria atlética. Confira!

1. Não se meça comparando-se a outros. “As pessoas me dizem: ‘estou preocupado com o risco de chegar em último. Mas toda prova tem que ter um último colocado. Se for você, lembre-se que você derrotou todos os que nem tentaram participar. Eu corro, e aprendo com os erros cometidos no dia da prova”.

2. Preocupe-se com aquilo que pode controlar. “Você não pode controlar as condições climáticas, mas pode controlar aquilo que vai vestir. Atletas preocupam-se em demasia com aquilo que não podem controlar”.

3. Não escute os opositores – inclusive quando esse opositor for você mesmo. “As pessoas dizem: ‘Nunca poderia correr uma maratona’, e eu digo: ‘É porque você não quer. Sua vontade deve ser mais forte do que sua falta de vontade’. Se você quer fazer uma maratona, você fará. Eu garanto.”