A incrível história da família Petter no Ironman Florianópolis

Em 2009, Jobe Petter, aos 36 anos, vivia de forma sedentária, o que o levou à obesidade, à hipertensão e à intolerância à glicose, um estágio inicial da diabetes. Era necessário mudar de vida, e foi o que Jobe fez para poder sobreviver.

Junto com uma alimentação balanceada, vieram os exercícios físicos. A corrida de rua logo o seduziu e, em 2010, completou sua primeira meia maratona. Já com 110kg, Jobe Petter fechou os 21km em 2h26, um resultado excelente. A partir daí, foram diversas provas e muitos treinos que, combinados com uma reeducação alimentar, o levaram a alcançar objetivos antes jamais imaginados.

No ano de 2012, o Triathlon entrou em sua vida e logo em seguida, ele conseguiu se inscrever para o Ironman Florianópolis 2013, algo que sequer passava nos seus melhores sonhos alguns anos antes.

Jobe seguiu para Florianópolis e levou junto seu irmão dois anos mais novo, Mateus. Após ver seu irmão arrasar no Ironman ao cruzar a linha de chegada com 12 horas de prova, Mateus decidiu que ele também teria que mudar de vida e acabar com boa parte de seus 160kg.

O caminho trilhado foi semelhante ao do irmão. Mateus começou a correr e a perder peso, enquanto se reeducava alimentarmente. No fim daquele ano, decidiu perguntar ao irmão qual bike seria mais adequada para ele. Tratava-se de mais um triatleta na família, ambos da equipe Raia Sul, em Porto Alegre, do treinador e atleta profissional Frank Silvestrin.

A primeira competição na qual os irmãos competiram juntos foi no Challenge Florianópolis, no fim de 2015. A prova seria um teste de fogo para Mateus, que estava inscrito para o Ironman Florianópolis 2016.

Tudo seguia bem nos treinos rumo aos 226km, até o dia 13 de março de 2016. Mateus treinava pela manhã, fazendo seu longo de bike na BR-290, entre Porto Alegre e o município gaúcho de Osório. Mateus foi puxado pelo vácuo de uma carreta na estrada, e uma outra carreta que vinha atrás não conseguiu desviar. Mateus faleceu no próprio local do acidente.

Atleta de grande apreço por seus colegas de treino, Mateus era conhecido pelo companheirismo e disciplina para seguir suas planilhas. “Em Caiobá, os colegas de treino da Raia Sul fizeram uma homenagem muito bonita para ele, usando um lema que lembra a parte positiva do que o esporte pode nos dar : ‘O que o Triathlon uniu, nem a distância separa!’”, conta o terceiro irmão, Aarão Petter.

Sensibilizado com a situação vivida por Jobe, o diretor de prova do Ironman Florianópolis Carlos Galvão permitiu que ele competisse no próximo domingo com a vaga do irmão. Durante oito semanas ele se dedicou ao máximo para poder homenagear Mateus naquela incrível linha de chegada, certamente em um momento de grande emoção. Mais do que um Ironman, Jobe correrá pela própria história de sua vida.

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