Oitava colocada no Ironman de Frankfurt, disputado no último domingo, Bruna Mahn, de 31 anos, convive com a expectativa de participar do Ironman de Kona, Campeonato Mundial da franquia em outubro. Precisando de mais pontos no ranking da modalidade para carimbar seu passaporte para a meca do triathlon, onde estarão as 35 principais triatletas do mundo, ela esbarra na questão financeira logo depois de ter sido salva por uma “vaquinha”.
“Acho que não [conseguiu a classificação para Kona], infelizmente. A última lista sai em agosto, mas eu teria que fazer mais uma prova. Não tenho como ir”, escreveu, resignada, por Whatsapp.
Os problemas financeiros não são novidade para ela. Bruna teve trabalho dobrado para ir ao Ironman de Frankfurt, Campeonato Europeu da franquia, vencido pela suíça Daniela Ryf em 8h38min44s. Além da carga extenuante de treinos, ela precisou recorrer a um crowdfunding, um financiamento coletivo virtual, para arrecadar o dinheiro para a viagem e a hospedagem. Sem dinheiro para competir, ela contou com a ajuda de mais de 160 amigos e apoiadores para custear os R$ 23 mil referentes às despesas na Alemanha.
Apesar dos bons resultados recentes – foi terceira no Ironman Brasil -, ela ainda se vê na condição de amadora, já que não consegue se dedicar integralmente ao triathlon. Quando não está treinando para as provas, Bruna trabalha como personal trainer em Campinas, onde mora.
“Depois da prova em Florianópolis, eu e meu técnico [Wagner Spadotto] vimos que eu era a 36ª do ranking. E vão para Kona as 35 melhores. Pensamos em tentar classificar ainda neste ano, o que não estava no planejamento.
Só que eu não tinha dinheiro. Com os patrocínios e apoios que tenho, não conseguiria pagar a viagem. O crowdfunding foi a alternativa que eu encontrei”, diz.
“Eu nunca consegui ser profissional. Falo que profissional é quem ganha dinheiro ou tem um salário. Apesar de competir no profissional, eu tenho que trabalhar para me manter. Vivo nesse impasse”, acrescenta.
Para ir às competições, Bruna conta com a compreensão de seus alunos e procura não assumir muitos compromissos como personal trainer.
Engana-se quem pensa que, na adolescência, Bruna era vista como uma atleta talentosa. Além de começar tardiamente na modalidade, ela lutava contra a balança. Perder peso era sua principal motivação assim que chegou à vida adulta.
“Eu comecei no triathlon em 2007. Eu já tinha feito umas provinhas, mas não treinava certinho. Eu sempre nadei, sempre fiz exercício e sempre fui acima do peso. Nunca fui um talento, mas nunca deixei de treinar. Sempre
me dediquei muito. Quando eu comecei, estava na faculdade de educação física e aproveitava o intervalo entre as aulas para treinar. Só passei para o triathlon em 2012. Naquela época, eu só largava no profissional, porque chegava muito atrás das outras meninas”, recorda.
“Antigamente, eu competia de Fusca e minhas adversárias de Ferrari.”
A analogia de Bruna Mahn resume um pouco de sua luta para custear passagens, hospedagens e equipamentos em um esporte caro. Até hoje, ela sofre para convencer as marcas de bicicletas a lhe apoiarem.
“Quando competimos em alto nível, pequenos detalhes fazem muita diferença. Hoje eu digo que cheguei perto delas [principais triatletas do mundo] em termos de equipamento, mas ainda não estou igual elas. Antigamente, eu competia de Fusca e elas de Ferrari. Para você ter um apoio de bike, é complicado. Nem bike consignada eu consigo. Parece que essa troca [com os patrocinadores] não existe muito. Em outros países, a maioria dos atletas tem apoio. Mas eu sempre falo que faço triathlon porque amo. Vivo meu sonho e pago por isso. Está tudo certo.”
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