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Em menos de um ano, Tim Don foi do céu ao inferno. Cinco meses depois de destruir o recorde mundial de Ironman em Florianópolis, o americano sofreu um acidente gravíssimo enquanto treinava ciclismo. Por um milagre, ele sobreviveu à fratura na vértebra C2. Após um semestre, o atleta está na fase final de recuperação e fará sua reestreia nos esportes dentro de um dos maiores palcos possíveis: a Maratona de Boston.
Depois do acidente, uma colisão com um carro em Kona, no Havaí, Don poderia ter falecido ou ficado tetraplégico. Sua fratura é similar à sofrida em um enforcamento, e poderia tê-lo deixado sem ar logo após o impacto.
De alguma forma, Tim Don teve o privilégio de escolher entre duas opções: uma cirurgia que unisse suas vértebras e comprometeria sua mobilidade para sempre, ou usar um halo de proteção em sua cabeça e pescoço. Apesar da dor excruciante, o triatleta escolheu a segunda opção. Quatro parafusos foram inseridos em sua cabeça para sustentar a estrutura e durante três meses, com a mobilidade limitadíssima, o sofrimento o colocava à beira do desmaio em várias ocasiões.
Para quem foi atleta por quase 20 anos, um período tão longo sem conseguir se vestir ou tomar banho é uma eternidade. Às vezes, ele dizia para sua esposa que iria arrancar a grade com as próprias mãos. Mesmo assim, sua motivação, a mesma que garantiu um título mundial de triathlon e cinco vitórias no Ironman, permanece idêntica: “Se eu vou me recuperar, eu vou mesmo me recuperar. Eu vou puxar meus limites e voltar o mais cedo possível, e vou tentar voltar ainda melhor do que antes”, ele disse ao New York Times.
O retorno não foi nada fácil. John Dennis, seu fisioterapeuta de confiança, teve de “pensar fora da caixa” para conseguir manter a forma física de Tim Don em um nível competitivo. O começo dos treinamentos focou totalmente na parte inferior do corpo, com o uso de uma bicicleta ergométrica.
Com a volta gradual dos movimentos, o atleta começou a pegar pesado nos treinamentos, chegando ao ponto de perder os sentidos devido à pressão dos parafusos em seu crânio. Tim tirou o halo e já está na marca de 20 horas de treino semanais — um número notável, mas ainda distante das usuais 30 horas. “Eu tinha algumas dúvidas sobre Boston. Pensamos que poderia ser cedo demais para isso, mas nada mais me surpreende agora”, declarou o fisioterapeuta.
Tim pretende completar a Major (marcada para este 16 de abril) em menos de 2h50min e já mira um Ironman em julho. Apesar de não conseguir movimentar o pescoço para respirar durante o nado, e de ainda existirem dúvidas sobre os impactos do esporte em sua saúde, ele segue confiante: “Eu sei que preciso tentar porque estamos todos tentando ser mais rápidos do que os outros, e enquanto eu estou aqui, eles vão tentar quebrar meu recorde mundial. Não quero ser o segundo melhor do mundo. Eu quero ser o melhor, não importa o que custar. Quero dizer, se eu quebrar meu pescoço de novo, eu não poderia fazer isso de novo.”
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